Marcy Zaldana, conselheira da Washington Preparatory High School,
trouxe uma novidade para seus alunos durante uma reunião no Zoom na semana
passada: a Universidade da Califórnia havia tirado os testes SAT e ACT dos
requisitos de admissão para o seu grupo de universidades, formado por algumas
das maiores instituições de ensino dos EUA.
A informação foi confirmada pelo jornal The New York Times,
que anunciou a eliminação gradual do SAT e do ACT no processo seletivo de todas
as instituições da Universidade da Califórnia, composta por 10 universidades
estaduais, entre elas UCLA e Berkeley. Os exames serão opcionais durante os
próximos dois anos (e em 2020 também).
A partir de 2023, a pontuação do teste deixará de ser
considerada na admissão, sendo usada apenas para conceder bolsas de estudo. De
acordo com a publicação, a universidade está estudando como viabilizar o seu
próprio teste de admissão a partir de 2025.
É esperado que a medida da UC Califórnia acelere o movimento
de outras faculdades americanas na exclusão dos testes como o SAT e ACT, considerados
por muitos ineficientes para avaliar estudantes de classes sociais menos
favorecidas.
Até então, o sistema de admissão da Universidade da
Califórnia era composto por testes padronizados – o SAT passou a ser exigido
pela instituição há meio século- e mais outras métricas, que incluíam a média
de notas do ensino médio, entre outras análises curriculares.
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Debate
sobre os testes de admissão já existe há um tempo
A discussão sobre o fim da obrigatoriedade dos exames padronizados
nas universidades americanas não é nova e se intensificou no ano passado,
quando mais de mil faculdades e universidades tornaram o SAT e o ACT opcionais.
O movimento ganhou ainda mais força este ano, com as medidas e soluções
alternativas implementadas pelas instituições devido à pandemia do coronavírus.
“A Universidade da Califórnia tem algumas das melhores
instituições do mundo. Portanto, qualquer decisão tomada será extraordinariamente
influente”, afirmou Terry W. Hartle, vice-presidente do grupo American Council
on Education, em entrevista ao The New York Times.
O movimento também é alimentado por pesquisas crescentes
sobre os efeitos positivos das políticas opcionais para testes. Um estudo de
2018 analisou 28 faculdades e universidades públicas e privadas e descobriu que
as políticas opcionais para testes aumentavam as inscrições e a diversidade de
candidatos.
Como essas
mudanças afetam o processo de admissão em faculdades americanas a partir de
agora?
Embora a medida facilite o processo de aplicação para muitos
jovens estudantes – incluindo alunos internacionais – e catalise um movimento
de mudança em outras instituições, é esperado que os exames continuem sendo
exigidos por escolas Ivy League altamente competitivas, entre outras
instituições.
Muitos especialistas em admissões afirmam que ainda há pouca
ou nenhuma desvantagem em realizar testes como o SAT ou ACT. Em entrevista ao jornal Los Angeles Times,
Lauren Cook, da Western Assn. for College Admission Counseling, sugere aos
estudantes pesquisar as pontuações médias de SAT da escola pretendida para
decidir se devem enviá-las na aplicação.
Já Youlonda Copeland-Morgan, vice-reitora da UCLA para
gerenciamento de matrículas, enfatiza que os diretores de admissão das
universidades não olharão negativamente para aqueles que não os enviam.
Olufemi Ogundele, vice-reitor assistente da UC Berkeley e
diretor de admissões dos programas de graduação, afirmou que seu campus considera
as notas dos testes padronizados e outros 13 fatores na avaliação de
candidaturas, como outras escolas da UC. “Os alunos devem enviar todas as
partes da inscrição que acreditam ser necessárias”, disse em entrevista ao Los
Angeles Times. “Se você se orgulha da
sua pontuação no teste, não importa qual seja a pontuação, você deve enviá-la.
Os oficiais de admissão estão muito mais interessados em mostrar a excelência
dos alunos dentro e fora da sala de aula do que aqueles que buscam a perfeição
em testes padronizados”, acrescenta.
Para a diretora de admissões da UC Santa Barbara, Lisa
Przekop, os alunos devem considerar enviar notas dos testes que os ajudem a
contar suas histórias. “Aqueles que são apaixonados por ciências, tecnologia,
engenharia e matemática podem explicar o que fizeram para se preparar para
esses campos e mencionar suas pontuações nessas áreas”, sugere.
Como essas
mudanças podem afetar os alunos brasileiros?
Para Carlos Eduardo Hespanha Madeira, gerente do STB
|Universidades, a posição das UCs pode ter um efeito positivo para os
estudantes brasileiros. “Muitos brasileiros nunca tinham ouvido falar do SAT
até iniciarem o processo de ingresso em universidades americanas. Isso faz com
que, muitos deles, no auge do ensino médio, tenham que se preparar para uma
prova desconhecida, onde vão competir com alunos do mundo todo, que vêm se
preparando há anos e conhecem muito bem os ‘macetes’ do SAT”, afirma.
Laila Parada-Worby, Country Manager da Crimson Education,
parceira exclusiva do STB no Brasil, acrescenta que as provas padronizadas como
o SAT e ACT funcionam como uma ferramenta para comparar alunos de diversos
colégios e contextos ao redor do mundo. “Sabemos que um aluno nota 10 em
colégio pode ter um nível de preparo acadêmico muito diferente de um aluno nota
10 de outra escola”, diz Laila. “Com isso, uma ótima nota no SAT ou ACT pode
mostrar para a faculdade que um candidato de qualquer lugar do mundo possui o
nível acadêmico necessário para um bom desempenho”, acrescenta.
De acordo com Laila, em um contexto em que as universidades
parem de exigir notas em provas padronizadas como parte do processo seletivo,
as comitês de seleção passarão a depender mais de outros critérios para
selecionar os alunos, como o engajamento em atividades extracurriculares e
competições acadêmicas, além das notas no boletim do candidato.
De acordo com Madeira, a orientação é que os estudantes
brasileiros continuem se preparando para as provas padronizadas, sejam elas SAT
ou ACT. “Afinal, as mudanças propostas pelas UCs entram em vigor em 2025 e nem
todas as universidades isentaram as provas padronizadas. Como é algo em
discussão nos EUA, o STB fará o seu papel como especialista, mantendo-se
informado para sempre manter os seus alunos atualizados”, conclui.
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