O primeiro dia de aula em uma nova escola, a dinâmica de grupo para um novo emprego, a apresentação de um projeto para um público grande… Se já é difícil lidar com a timidez em situações do dia a dia, encará-la em uma experiência no exterior pode ser ainda mais desafiador. Durante um intercâmbio, as novidades estão por toda a parte: são novos colegas, novos costumes, novos hábitos e uma nova rotina. E é, justamente, em situações como essas que a timidez costuma se manifestar mais fortemente.
Segundo Van Marchetti, especialista em comunicação interpessoal, oratória e técnicas de apresentação, a inibição costuma surgir no início da adolescência e o grau de intensidade com que ela se manifesta pode variar dependendo do caso. “É totalmente normal sentir insegurança quando estamos frente a novas situações. Variando de pessoa para pessoa, temos desde uma pequena ansiedade (passando por palpitações, sudorese e tremores) até sensações físicas mais fortes como urticárias, quedas bruscas de pressão e desmaios”, explica.
Ainda segundo a profissional, a oportunidade de realizar um intercâmbio e conviver diariamente com pessoas e costumes diferentes pode ser muito benéfica para quem deseja superar a timidez. “O intercâmbio é uma oportunidade para que o jovem saia da zona de conforto e entre no que chamamos de ‘zona de confronto’, onde ocorrem enfrentamentos necessários para adquirir autoconfiança e segurança para lidar com todas as situações comuns do dia a dia. Além disso, a prática de outro idioma favorece muito os processos de comunicação e expressão”, afirma Van.
Como superar a timidez no intercâmbio?
O medo de não conseguir fazer amigos durante o intercâmbio, de não se adaptar bem a escola ou de não se fazer entender em outro idioma são comuns em quem está prestes a embarcar. No entanto, é preciso tomar cuidado para que ele não o impeça de viver essa experiência. Isso porque, segundo Andrea Murrer, coach de liderança pessoal formada pela Universidade de Barcelona, é natural que, em um primeiro momento, tentemos evitar situações responsáveis por desencadear sentimentos desagradáveis como medo, vergonha e timidez.
“Uma pessoa que tem medo de falar em público sempre evita situações em que precisa fazê-lo: delega apresentações para colegas, mantém-se quieta em reuniões, evita conflitos… Mas este comportamento só aumenta a sua insegurança e a impede de melhorar neste aspecto. Quando quebramos esse ciclo e decidimos, mesmo com timidez ou medo, encarar a situação, vemos que temos, sim, a capacidade de enfrentar nossos medos e nos empoderamos para melhorar cada vez mais”, explica Andrea.
Foi exatamente isso o que aconteceu com o estudante Igor Lessa, de 21 anos, que realizou um curso de inglês de seis semanas na EC Toronto. Ele conta que, apesar de se considerar uma pessoa tímida, aos poucos, foi deixando as suas inseguranças de lado durante o intercâmbio. “Eu me superei em todos os sentidos durante a viagem. Só sentia vergonha de puxar assunto com os canadenses, pois são pessoas bem reservadas, apesar de muito educadas. De resto, eu não sentia vergonha de nada: se eu estivesse perdido eu perguntava, pedia ajuda, tentava ao máximo desenrolar meu inglês e aprender com isso”, lembra. “Por mais que eu seja uma pessoa perdida quando saio para lugares novos aqui em São Paulo, lá foi diferente. Eu não sentia medo. Muito pelo contrário, passei a encarar isso como uma forma de conhecer lugares novos. Afinal, por que fazer sempre o mesmo caminho sendo que eu posso ir além e descobrir um pouco mais?”, completa o estudante.
Estes ganhos fazem parte do processo de superação da timidez que a coach Andrea Murrer classifica como “ciclo virtuoso”, onde a exposição gera mais confiança, que resulta em mais exposição e assim sucessivamente. No caso de Igor, este ciclo segue gerando frutos até hoje, e o estudante afirma que voltou para o Brasil mais seguro e independente. “Antes eu não gostava de sair caso não estivesse acompanhado de algum amigo. Hoje, já não sinto mais falta disso. Se precisar sair sozinho para resolver alguma coisa, comprar algo que eu queira ou sair para almoçar sozinho, faço sem problemas. Também perdi a timidez para conhecer e perguntar as coisas que tenho curiosidade de saber. Afinal, ninguém nasce conhecendo tudo”, diz.
É claro que este processo não acontece de uma hora para outra, e que diversos fatores podem contribuir com a superação da timidez durante o intercâmbio. A escolha da escola em que se irá estudar ou do tipo de acomodação em que se irá morar, por exemplo, podem fazer toda a diferença nesses casos. Por isso, o STB conta com um time de especialistas em intercâmbio que visita constantemente as escolas e acomodações para garantir a melhor escolha de acordo com o perfil do estudante. “As escolas denominadas Pocket Schools têm o melhor perfil para estudantes que têm dificuldade de socializar, pois são menores e oferecem maior atenção aos alunos, além de permitir integração entre todos os estudantes por meio de eventos que, muitas vezes, podem contar com a presença do dono da escola, tornando o ambiente ainda mais familiar”, afirma Bruno Contrera, gestor de Universidades e Cursos no Exterior do STB.
Como a escola pode te ajudar a fazer amizade no intercâmbio?
Em primeiro lugar, é preciso ter em mente que você não está sozinho e que, assim como você, os demais estudantes também estão se sentindo inseguros, nervosos e – provavelmente na mesma proporção – cheios de vontade de fazer novas amizades. Sabendo disso, as escolas têm o costume de promoveratividades para tornar o processo de adaptação mais fácile agradável para todos. “Todas as escolas oferecem atividades diárias (que podem ou não ter custo adicional), sejam elas de aulas eletivas gratuitas, passeios e atividades ao redor da cidade ou viagens – e tudo isso sempre focando na socialização e aprendizado do idioma. Em Londres, por exemplo, as escolas organizam um torneio de futebol para que estudantes de outras escolas também se conheçam”, afirma Contrera.
Para o estudante Igor Lessa, estas atividades tiveram papel decisivo na hora de fazer os primeiros amigos durante o intercâmbio. O estudante conta que, em sua primeira semana de aula, participou de uma atividade realizada semanalmente pela EC de Toronto para promover a integração entre os novos alunos. Nela, após serem apresentados às instalações da escola, os estudantes recebiam um roteiro com os principais pontos turísticos da cidade e eram conduzidos até eles por um profissional da instituição. “Dentre outros lugares, passamos pelo Ripley’s Aquarium e a CN Tower até que, no fim, paramos no Hard Rock Cafe para comer. Nesse momento, já estávamos todos juntos, fazendo amizades. Foi realmente incrível!”, diz.