DESTINOS

MEU INTERCÂMBIO NA ALEMANHA

A Miriam traz informações preciosas da sua experiência na Alemanha.

Published

on

­

A viajante Miriam Imamura nos contou como foi a sua experiência de intercâmbio na Alemanha na DID Deutsch in Deutschland. No depoimento a seguir, ela narra a sua experiência de descobrir uma nova cultura e de superar novos desafios.

Minha experiência de intercâmbio na Alemanha

Por Miriam Imamura

Com certeza, uma das melhores coisas que se pode trazer de uma viagem são as histórias. Ao chegar em casa após um longo voo, não há cansaço que suprima a vontade de contar tudo para alguém que você sentiu tanta falta, mostrar todas as fotos e entregar todos os presentes, mesmo sabendo que não importa a forma como você a conte, não há como explicar de fato a sensação de ter estado lá.

Na minha opinião, essa foi a melhor parte de toda a experiência de intercâmbio na Alemanha: descobrir coisas novas. Acordar cedo todos os dias. Ouvir e conversar em uma língua diferente. Acostumar-se com a água com gás como água natural. Descobrir qual o lado certo do metrô e qual a estação certa para descer. Passear pelas ruas ladrilhadas com casas coloridas no Innenstadt. Visitar as inúmeras lojas e tomar sorvetes deliciosos – apesar de caros – no Hauptmarkt. Experimentar a famosíssima linguiça Bratwurst na Weinfest (não, eles não comem Bratwurst todos os dias). Sentir a brisa fresca soprar no rosto e deliciar-se com o silêncio e calmaria mesmo nas ruas movimentadas. Conhecer pessoas novas dos mais variados lugares. Passar o único dia livre inteiro deitado na grama ao sol do parque Rosenau. Perder-se em diversas ruas e acabar por conhecê-las, para então se achar. E, enfim, chegar à conclusão de que todos os caminhos levam à Lorenzkirche.

Assim que me despedi de minha família e embarquei em um avião que levaria horas, me preparei para sentir uma pontada de medo e arrependimento, uma sensação de ansiedade sem fim. Mas a medida que assistia São Paulo ficar cada vez mais distante, eu nunca me senti mais livre.

Todos os dias da semana as aulas de alemão na DID iam das 9h da manhã às 13h, seguidas por um passeio na cidade e algum tempo livre antes de precisarmos estar em casa – menos às sextas feiras, que eram dias livres. Aos sábados, tínhamos uma excursão de dia inteiro para outra cidade, seguida por outra nos domingos, mas esta era opcional. Como as aulas eram sempre interativas e, diferentemente das minhas aulas no Brasil, totalmente em alemão, sempre aprendíamos coisas ou palavras novas, principalmente em jogos de vocabulário. Quem diria que o jogo de Stop em outra língua se chama Stadt Land Fluss (Cidade País Rio) e é ainda mais difícil de se lembrar das palavras?

De todos os lugares que visitei, os meus favoritos foram o antigo e grandioso Kaiserburg (antigo castelo onde morava o imperador), o vasto zoológico – onde, aliás, vendem um waffle de nutella delicioso – e as cidades de München e Rothenburg, sem falar do parque de diversão de Würzburg. Mas nada se compara à cidade maravilhosa que é Nürnberg. Apesar de seu tamanho, a cidade parece enorme de tão marcante, mas, ao mesmo tempo, não perde seu ar acolhedor de cidade pequena, que fez com que eu me apaixonasse e me sentisse em casa como nunca antes, mesmo em tão pouco tempo.

É fantástico observar como apenas alguns dias em um lugar novo podem te transformar completamente, mesmo que dos jeitos mais simples. Ao chegar na cidade, deixava sempre o Google Maps aberto no celular e as fotos da parede de horários do U-Bahn – o metrô da cidade – em fácil acesso, junto com a rota mais fácil para voltar para casa. Todos os lugares que visitava tinham uma estrelinha de favorito.

Conheci várias ruas e partes legais da cidade por acidente –  e outras nem tão legais assim – , que, no final, acabaram em ótimas histórias. Encontrei com várias pessoas gentis e interessantes que contradizem o estereótipo alemão, e outras nem tão gentis que fazem jus ao nome. Passei a reconhecer as ruas só de olhar para elas e me localizar sem nem precisar tentar, muitas vezes apenas olhando para o horizonte e identificando as três principais igrejas (Lorenzkirche, St. Sebald e Frauenkirche).

Quando dormia no U-Bahn no caminho para escola, acordava apenas de ouvir o nome da estação anterior, já que acabei por decorar a ordem. Talvez o jeito “frio’ dos alemães seja estranho para um povo tão caloroso como os brasileiros, mas aprendi a respeitar e conviver com uma cultura diferente.

E um dos feitos do qual mais me orgulho: aprendi a pedir um sorvete de limão quase como um morador de lá – zwei Kugeln Zitronen in die Waffel bitte – assim como a diferença entre Waffel (casquinha) e Becher (copinho). Lentamente, fui me familiarizando com as coisas de um jeito surpreendente, e o que antes era desconhecido havia virado rotina –  mas era, de longe, a melhor rotina que eu já tive.

O que aprendi na Alemanha

Nessas três semanas, fiz mais coisas do que jamais sonharia em fazer em algum lugar novo. Sempre tínhamos algo diferente para fazer e experimentar, mesmo que fosse experimentar o Mc Donald’s do lugar – uma, duas, três ou quatro vezes – afinal, que mal há nisso?

Passar por situações cansativas, como a trilha de vários quilômetros para um castelo, e até mesmo estressantes, como derrubar um pedaço de uma obra do Museu de Arte no chão – definitivamente a melhor história que tenho para contar – ter que me virar sozinha e até mesmo passar mais tempo com colegas que não conversava muito fizeram com que eu mudasse meu ponto de vista sobre as coisas, e são experiências que levarei para o resto da vida.

A pior parte, como sempre, foi deixar a cidade inesquecível que passei a conhecer de canto a canto, mas ‘aquele que está acostumado a viajar sabe que sempre é necessário partir algum dia”. E, afinal, é isso que faz com que a experiência seja inesquecível, não é?

Deutschland Trip

  

 
 

Continue Reading
Click to comment

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.

Sair da versão mobile