Recentemente, o presidente Donald Trump anunciou a determinação de novas regras do visto americano para o controle de imigrantes e refugiados nos Estados Unidos, deixando milhares de turistas e estudantes preocupados com o futuro de suas visitas ao país.
De acordo com o presidente recém-eleito, as medidas têm como objetivo impedir a entrada de terroristas no país até que os procedimentos de admissão de refugiados e estrangeiros sejam revistos por seu governo. Enquanto isso, foi decretado o fechamento temporário das fronteiras dos Estados Unidos para imigrantes de sete países de maioria muçulmana e refugiados do mundo todo.
Segundo o Consulado dos Estados Unidos em São Paulo, isso não dificultará a entrada de visitantes ao país. “O governo dos Estados Unidos está empenhado em facilitar viagens legítimas de visitantes internacionais e ao mesmo tempo garantir a segurança de suas fronteiras”, afirmou o Consulado por meio de nota.
Medidas rigorosas e polêmicas
Embora a lei vigente permita que um presidente suspenda a entrada de qualquer imigrante quando considerar que sua admissão contraria os interesses dos Estados Unidos, o decreto tem gerado debate e dividido opiniões entre os americanos.
Uma das medidas mais polêmicas é a que barra temporariamente a entrada de cidadãos do Iraque, Síria, Irã, Sudão, Líbia, Somália e Iêmen nos Estados Unidos pelos próximos 90 dias (contados a partir de 27 de janeiro). A proibição se aplica a qualquer indivíduo dos países citados, incluindo aqueles que portam dupla cidadania, visto válido e até solicitações de green card pendentes.
O decreto suspende, ainda, a entrada de refugiados de qualquer país durante os próximos quatro meses – e indefinidamente no caso de refugiados sírios. O veto também pode se estender para países que não colaboraram com informações migratórias solicitadas pelos Estados Unidos, o que pode afetar especialmente o Irã, dada a ausência de relações diplomáticas entre os países.
Após causar preocupação entre os imigrantes que já estão nos Estados Unidos e possuem o visto de residente permanente, o Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos anunciou que quem está nos Estados Unidos de forma legal é “considerado de interesse nacional” e, portanto, será admitido caso não existam informações que indiquem que o indivíduo é uma ameaça ao país.
Como fica o visto americano para brasileiros?
O decreto também trouxe mudanças na concessão do visto para brasileiros que desejam viajar para os Estados Unidos. A partir de agora, todos os solicitantes deverão passar pela entrevista pessoal, o que, de acordo com Rafael Carvalho, que coordena os processos de vistos do STB, pode tornar mais lento o processo de retirada do documento.
As exceções são para solicitantes de vistos diplomáticos, oficiais de governos estrangeiros e organizações internacionais. Pessoas com menos de 14 anos ou com mais de 79 anos e aqueles que têm um visto na mesma categoria expirado a menos de 12 meses também não precisarão passar pela entrevista.
Antes, os solicitantes que renovavam o visto até quatro anos após o seu vencimento eram isentos da entrevista. Brasileiros entre 14 e 15 anos e entre 66 e 79 anos também não precisavam passar pela entrevista antes das novas regras.
Como era
Como ficou
Isento de entrevista
15 anos e 11 meses
13 anos e 11 meses
Isento de entrevista
66 anos ou mais
80 anos ou mais
Isento de entrevista para vistos emitidos após 2008 (renovação)
Visto vencido nos últimos 4 anos
Visto vencido nos últimos 12 meses
Regras não alteram processo para estudantes
No entanto, a medida não prejudica os estudantes que desejam fazer um intercâmbio nos Estados Unidos. “Os estudantes não foram afetados com as mudanças. Isso porque todos os estudantes com carga horária superior a 18 horas semanais ou a partir de 12 semanas de curso já eram obrigados a passar por entrevista para solicitar o visto. Então, nada mudou”, explica Carvalho.
Os prazos para a emissão dos vistos para os Estados Unidos também continuam os mesmos. A equipe de Vistos do STB sugere que a organização da viagem aos Estados Unidos comece com, no mínimo, três meses de antecedência para que não ocorra nenhum imprevisto.
Escolas mantêm portas abertas a estrangeiros
Após a eleição de Donald Trump, diversas escolas e universidades norte-americanas se manifestaram para ressaltar que os estudantes estrangeiros continuam sendo bem-vindos no país.
A Universidade da Califórnia, que é composta por instituições como UCLA, UC Irvine e UC Berkeley (uma das melhores universidades do mundo), foi uma das primeiras a reafirmar o seu compromisso com a educação internacional. “Sabemos que existe uma consternação compreensível e incerteza entre os membros da Universidade da Califórnia. Mas nós nos orgulhamos de ser um lugar diverso e acolhedor para estudantes, professores e funcionários, que têm uma ampla gama de experiências, perspectiva e origens. A diversidade é fundamental para cumprirmos a nossa missão”, afirmou Janet Napolitano, presidente do complexo de universidades.
“A Califórnia sempre foi berço da diversidade cultural nos Estados Unidos e, nós vamos continuar recebendo e acolhendo os alunos internacionais”, acrescentou Pradeep Khosla, chanceler da UC San Diego, em nota.