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O HÁBITO DE VIAJAR ME DEU UMA NOVA FAMÍLIA

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O conceito de “família” tem se tornado cada vez mais fluido. Hoje, graças à bem-vinda mentalidade da minha geração, a unidade familiar não é mais composta pelo tradicional recorte “um pai, uma mãe e dois filhos”. Mas você já parou para pensar que ela também não precisa mais envolver laços de sangue? E se “família” for apenas uma rede de pessoas compartilhando experiências?

Esse pensamento surgiu quando eu estava no meu intercâmbio. Mas deixe-me explicar: eu venho de uma família maravilhosa, da qual eu sou incrivelmente próxima e a qual eu não tenho a menor intenção de substituir. Mas viajar acaba nos forçando a confiar em outras pessoas (ou, pelo menos, em pessoas diferentes).

Se viajar já é uma experiência memorável, morar fora do país também o é – mas, sejamos sinceros, qualquer pessoa que já tenha vivido isso precisa admitir que este tipo de experiência também pode ser assustadora. Sair da zona de conforto é intimidador até para a mais segura das pessoas – afinal, como seres humanos, nós temos a tendência de preferir aquilo que nos é mais familiar.

        ‘SERES HUMANOS BUSCAM ESTAR CERCADOS POR OUTROS SERES HUMANOS. FAZ PARTE DA NOSSA NATUREZA NEGAR O ESTILO DE VIDA DO HERMITÃO E PROCURAR CRIAR CONEXÕES VERDADEIRAS COM AQUELES QUE NOS CERCAM.’

Agora some isso à barreira linguística e ao choque cultural e viajar deveria ser uma experiência extremamente tensa – podendo, inclusive, desencadear poderosas crises de ansiedade. Mas, então, por que isso não acontece?

Simples: as pessoas.

A comunidade de viajantes não é única, mas é, sim, muito especial. Todas as pessoas que cruzaram o meu caminho durante as viagens que realizei tinham um certo “je ne sais quoi”. Elas eram amigáveis e calorosas, tinham mente aberta e não estavam nem um pouco preocupadas em julgar as outras pessoas. Aliás, eram o tipo de pessoa que não se importava em passar seis horas de ressaca na fila do hospital esperando você ser atendido, mesmo tendo te conhecido na noite anterior. Parece que há um consenso de que pessoas que estão longe de casa devem cuidar umas das outras. E não importa muito onde seja esta “casa”: eu mesma criei laços verdadeiros com pessoas da Europa, da América Latina, do Caribe, dos Estados Unidos… E a lista continua.

São pessoas com as quais eu dividi risadas, medos e tristezas, que limparam minhas lágrimas sempre que elas caíram e que fizeram cada tropeço parecer menos difícil. Elas encorajaram os meus mais sinceros sorrisos e me ajudaram a me tornar uma pessoa melhor. São pessoas incríveis, que me enchem de orgulho e que eu quero ter para sempre por perto.

Claro, eu nasci rodeada de irmãos, primos e pessoas incríveis. Mas estas pessoas conseguem entender uma parte da minha vida que esta “família de sangue” nunca conseguirá.

Eu rejeito o conceito moderno de família, com o foco na biologia. Para mim, família são aquelas pessoas que você ama incondicionalmente e que te amam de volta. São aqueles em quem você pode confiar sabendo que eles não irão esperar nada em troca.

Para mim, família é a rede de contatos que eu fiz ao redor do mundo – cujas vidas estão marcadas pelas lembranças dos momentos que compartilhamos e pela maneira que nos sentimos quando estávamos juntos.

Experiências compartilhadas: para mim este é o verdadeiro significado de família. E tendo isso em mente, meu Deus, eu tenho a sorte de ter uma das maiores famílias do mundo.

*Este artigo foi criado para o Travel Project pela estudante Emma Watkins

  

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