A excelência do ensino em universidades no exterior tem atraído cada vez mais a atenção de jovens brasileiros em busca de educação superior de qualidade. E se o período que antecede o ingresso em uma faculdade aqui no Brasil já é o suficiente para gerar inúmeras dúvidas e inseguranças nos calouros, quando esta mudança acontece fora do país, elas são ainda maiores.
O medo de não se adaptar bem ao sistema de ensino, de ter dificuldade para fazer novas amizades e a saudade de casa e da família são algumas das questões que costumam surgir durante esta fase de transição.
Abaixo, dois alunos brasileiros contam, com detalhes, como foi o seu processo de adaptação em uma universidade no exterior. Confira!
O período antes do embarque: principais mudanças e decisões
A estudante Letícia Nazarian, de 19 anos, deixou o Brasil no segundo semestre de 2016 para estudar administração em Vancouver, no Canadá. Apesar de ter estudado a vida inteira em um colégio britânico em São Paulo e já dominar perfeitamente o inglês, ela conta que teve que lidar com diversas inseguranças ao longo do seu processo de adaptação na universidade canadense. “Crescendo desde os três anos com essa ideia de morar fora, eu nunca tinha realmente parado para pensar sobre o que isso significava, mas, uma semana antes de ir, começaram a surgir todos os medos”, diz.
Além de ficar longe da família, uma de suas maiores inseguranças estava relacionada à escolha do destino e da universidade em que estudaria. “Eu nunca tinha ido para Vancouver, nunca tinha ido ao Canadá, não visitei minha faculdade… Não sabia basicamente nada!”, conta a estudante.
“Tinha medo de não gostar da cidade, mas Vancouver tem tudo a ver comigo! Estamos entrando em uma fase de criar consciência do mundo, da sustentabilidade, de como usar a tecnologia para coisas boas. E Vancouver é justamente isso: até 2020, o plano é que a cidade seja a mais sustentável do mundo! Por lá, estou sempre exposta a muitas ideias legais, que pretendo trazer para o Brasil quando voltar a morar aqui”, diz.
Bernardo Santos, 19 anos, também optou por cursar uma faculdade fora do país quando terminou a escola. “Eu decidi que queria fazer faculdade no exterior no começo do segundo ano do ensino médio, porque eu não sabia direito o que eu queria estudar: se eu queria fazer ciências políticas, engenharia…E o currículo brasileiro não te dá flexibilidade, como acontece nos Estados Unidos. Lá, você pode conhecer diversas disciplinas e tem dois anos para decidir o que você quer fazer”, conta o estudante, que atualmente está cursando engenharia de computação no estado de Nova York, Estados Unidos.
Bernardo conta que, assim como Letícia, suas maiores inseguranças estavam relacionadas ao destino. “Enquanto vários dos meus amigos estavam ficando aqui no Brasil, eu estava indo para uma cidade nova. Era um ambiente totalmente diferente: uma cidade pequena, que tinha poucas coisas em comum com São Paulo. Então, tinha muito medo de não conseguir me ajustar. Mas, quando cheguei lá, me adaptei rápido. No fim das contas, fazendo uma faculdade lá ou no Brasil, você está indo para estudar, e tudo é mais parecido do que você imagina”, diz.
A adaptação: fazendo amizades durante o primeiro ano de universidade no exterior
De acordo com os próprios estudantes, uma boa forma de vencer a timidez e começar a fazer amigos na faculdade é optar por morar nas residências estudantis do campus, onde a integração com outros alunos é inevitável. “É o melhor jeito de você conhecer gente e de estar integrado na faculdade durante o primeiro ano. A cidade é bem grande, então é um jeito legal de você passar por essa fase de adaptação, ao invés de chegar no meio de uma cidade grande sozinho, meio perdido”, diz Letícia. “No primeiro ano você muda bastante de amigos, mas isso é natural, porque você ainda está procurando a sua turma. Mas é importante estar sempre aberto para fazer novas amizades, ver como você se relaciona com os outros”, diz.
Hoje, cerca de um ano depois de seu primeiro dia de aula, Letícia afirma que tem diversos colegas no campus,
incluindo uma melhor amiga brasileira: a Julia, com quem pretende dividir o quarto no próximo semestre. “Um conforto enorme é pensar que todo mundo está que nem você. Ninguém está tranquilo: todo mundo quer fazer novos amigos. Então, as pessoas vão ser simpáticas no primeiro semestre, vão querer te conhecer”, diz.
Bernardo afirma também ter percebido esta abertura por parte dos demais estudantes durante os seus primeiros dias na universidade. “Todo mundo está querendo conhecer pessoas. Se você vai com essa mentalidade, todo mundo estará aberto e será receptivo”, afirma.
Como lidar com a saudade de casa?
Mesmo com os novos amigos e os inúmeros benefícios que fazer uma faculdade no exterior oferece, sentir saudades de casa é inevitável. Letícia confessa que, antes de embarcar, achava que não iria sentir saudade, mas acabou se surpreendendo ao sentir falta da família, da comida, do aconchego e do clima brasileiro. “Chega uma hora que você sente saudade até de falar em português! Eu lembro que uma vez eu estava andando na rua, escutei alguém falando em português e comecei a andar mais devagar só para conseguir escutar por mais tempo”, lembra.
Com o tempo, Letícia foi encontrando formas de lidar com esse sentimento. Ela conta que, sempre que está sentindo saudade de casa, costuma se juntar a amiga brasileira que conheceu no campus para almoçar em um restaurante de comida típica.
Para Bernardo, as maiores fontes de saudade também estão nas pequenas coisas. “Sinto falta dos meus pais, da minha casa, do meu quarto… Essa estabilidade, essa base que eu sempre tive e que sempre me deixou muito feliz. Eu não tenho isso lá nos Estados Unidos: todo ano eu tenho que mudar de quarto, a comida não é tão boa como a do Brasil, as pessoas são diferentes. Mas, conforme o tempo passa, você acaba esquecendo isso, porque entende que há uma razão para você estar abrindo mão de todo esse conforto”, afirma.
Quer também ter a experiência de estudar em uma universidade americana ou canadense? Fale com um de nossos especialistas!