Na Escola Intercultural Sol y Luna, no Peru, a proposta é aliar solidariedade com turismo. Mas não pense que “passear” só me permitiu descansar – pelo contrário, me ensinou muito também! Explico: ao desbravar as belezas naturais do Valle Sagrado, pude pensar em tudo o que estava vivendo e assimilar melhor as lições de vida que aprendi; ao conhecer melhor a história e cultura dos Incas, pude refletir sobre como aplicar a sabedoria ancestral à nossa sociedade hoje. E a fazer a viagem para Machu Picchu arrematou com chave de ouro esse processo todo.
A primeira classe da Inca Rail serve almoço, o que torna a viagem ainda mais agradável
Foi um dia memorável! Às 10h, saímos do hotel Sol y Luna, em Urubamba, rumo a Ollantaytambo (a cerca de 20 minutos). Lá, pegamos o trem da Inca Rail com destino a Aguas Calientes. No vagão da primeira classe, você é recebido com Pisco Sour (ou vinho) e pode desfrutar de um almoço orgânico e típico peruano de três tempos. Uma linda e agradável viagem de 1h40!
Outra vantagem, além de todo o conforto, é que quando você chega, pode seguir de ônibus direto para Machu Picchu – muitos pernoitam em Aguas Calientes para subir de madrugada, mas uma tarde é suficiente para conhecer o lugar, se você não for fazer as trilhas (que começam às 7h). Mas, atenção: é preciso comprar o ticket de acesso e as passagens de ida e volta de ônibus até as ruínas em Aguas Calientes – recomendo comprar pela internet antecipadamente, pois lá só aceitam Soles.
Conhecendo a cultura de Machu Picchu
No trem das 11h da Inca Rail, a caminho de Aguas Calientes
Chegamos ao topo às 14h e negociamos com uma guia credenciada o tour de 1h30 pelas construções Incas. Valeu muito a pena porque ela nos contou detalhes da filosofia de vida destes ancestrais enquanto nos mostrou como viviam na prática, caminhando por dentro de suas casas. Também nos emprestou um pouco de repelente (vá preparado, há muitos borrachudos lá) e evitou que subíssemos e descêssemos as muitas escadas à toa. À tarde, o lugar já está mais vazio, o que achei ótimo para meditar – e tirar selfies! rsrs Recomendo também levar água e protetor solar. O tour terminou com a vista lá do alto, aquela dos cartões-postais. Mas ao vivo é ainda mais impressionante, claro!
Nossa guia, Roxanne, contou que a famosa energia de Machu Picchu existe por dois motivos: 1) pela localização, no meio de um vale protegido e cercado por um rio, considerado sagrado na época; 2) porque as pedras com as quais os Incas construíram a cidade são granito, cuja composição contém quartzo (mineral conhecido pelo poder energético). É impossível não ser contagiado! Saí flutuando depois de sentar no último terraço e observar com calma tudo lá de cima. A visita à ‘cidade perdida dos Incas” acabou com o cair do sol às 17h, quando fecham, e por isso nem pegamos fila para descer de ônibus. Como nosso trem saía às 19h, aproveitamos para curtir a charmosa Aguas Calientes bebendo uma cerveja Cusqueña em um restaurante na praça principal.
Aguas Calientes, uma charmosa cidade de passagem
Entre um gole e outro, refletimos sobre as duas trilogias que norteavam os Incas quanto ao convívio em sociedade. A primeira diz respeito ao indivíduo: é preciso querer, trabalhar e estudar (ou aprender) para evoluir. A segunda organiza o coletivo: é preciso pagar impostos (“mita”), trabalhar pela comunidade (“minca”) e reciprocidade (“ayni”), ou seja, ajudar uns aos outros, para progredir. Que bom seria se todos mantivéssemos tais conceitos em mente hoje em dia, né?
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