Para participar da promoção Free Experience, o viajante Gabriel Cohen nos contou como foram as suas experiências de intercâmbio em Victoria BC, no Canadá. No depoimento a seguir, ele narra como foi a sua experiência conhecendo uma nova família e enfrentando novos desafios.
Minha nova vida durante o intercâmbio no Canadá
Por Gabriel Cohen
O frio na barriga, o medo de ir, o receio de dizer ‘adeus’. A ansiedade de chegar. Em uma quinta feira, despedi-me de Porto Alegre. Minha casa, família, amigos e rotina davam então espaço para uma nova vida. Uma vida tão sonhada e que estava para acontecer. Conhecer pessoas e lugares, sentir sabores diferentes, fugir da rotina, se jogar no mundo e ver a vida de um jeito diferente.
Nem a certeza de que tudo o que eu sempre quis estava prestes a se realizar pode segurar os nervos. Mas aconteceu. Eu estava lá. Em 29 de set de 2015.
Cheguei, meio sem jeito, avistei minha host family, ainda com um raso “Hi…” (todo tremido) e partimos pra casa – aí sim, tudo de fato começou. No início, tudo parecia incrível, uma cidade nova, pessoas diferentes, lugares desconhecidos para se ver, era tudo tão legal, tudo tão bonito. E veio então o colégio, mais gente, mais coisas, novidades…. Um lugar recheado de pessoas do planeta inteiro – Brasil, México, Itália, Coreia, Alemanha, China, Colômbia, Japão -, onde se via diariamente a mistura do inglês com o mundo todo. Realmente não tinha do que reclamar, mas eu sentia que algo estava estranho. Algo comigo, que fazia com que eu me sentisse distante do sonho de estar lá. Acabei, por algum engano do destino, em uma família que não me acolheu, como qualquer jovem, inseguro e inexperiente, esperaria. Foi difícil no início viver a situação sem saber o que fazer a respeito. E foi então, depois de emails, emails e ligações que consegui, com muito apoio, me mudar para um lugar melhor. Recomeço. Novo endereço. Gente nova. Vida nova. Tudo novo. De novo.
E foi então, do outro lado da cidade que eu descobri o que era, de verdade, ser acolhido, o que era empatia e carinho. Dois fanáticos por Star Wars, jogos de tabuleiro, pesca e hambúrguer, duas crianças com mais energia do que eu já tive a vida inteira e um peixinho laranja. Foi mais do que o suficiente pra me fazer feliz nesses meses.
Minha host family canadense
Kathy, Ryan, Austin e Connor se tornaram minha família de um dia pro outro. A experiência, que também era nova pra eles, se tornava cada dia mais especial. Fomos, juntos, descobrindo uma linda relação de amizade que em meio a idas à montanha, à floresta, aos hot dogs, aos jogos de hockey e durante os jantares de família foi se tornando cada vez mais resistente e recíproca.
Pessoas muito diferentes das que posso dizer que estou acostumado a conviver, um mundo que existe paralelo ao meu, e que, graças a eles, pude ter uma visão de dentro e mais verdadeira. Mais calmos, caseiros, alheios ao caos metropolitano, eles me mostraram que nem todas as alegrias da vida se dão pelo glamour ou pela imagem que se dá às coisas, que as vezes um cookie com Peanut Butter e Nutella é preciso e que aipo também pode ser bom (com muito molho, de preferência).
Vivi esses meses rodeado de muitas pessoas do bem, gente linda querida e sincera – amizades que ficarão pra sempre e que sempre me recordarão dos momentos mágicos que vivemos por lá. Inúmeras foram as “indiadas” que passamos em tão pouco tempo: escalamos montanhas, nos perdemos diversas vezes pela (bastante simples) linha de ônibus da ilha, conhecemos lugares lindos – alguns por acaso, e que acaso bom! Fomos à praia, ao gelo, às florestas, aproveitamos o frio pra dotarmo-nos de cafeína (leia-se: Starbucks e Tim Hortons dia sim, dia também).
Meu aprendizado durante o intercâmbio no Canadá
Esta viagem foi, pra mim, o momento na vida pra parar e pensar, viver mais comigo mesmo, me conhecer, conhecer o mundo e o que ele tem pra me oferecer. Foram meses pra crescer, amadurecer, estudar. Não só o curso de inglês no Canadá, mas tudo. Tudo o que fosse possível.
Quando decidi embarcar nessa viagem, tinha claro em minha mente que seria algo grandioso, muito além de meses de estudo linguísticos, e realmente foi. Aprendi muito sobre a cultura canadense, tive professores geniais e uma, em especial, que me marcou pra sempre.
Conheci muitas pessoas especiais, algumas nem tanto, outras que vou levar comigo pra sempre. Vivi momentos e historias que farão parte de mim integralmente e que de alguma forma me ajudaram a formar quem sou hoje, quase um ano depois, mais sensato e feliz comigo mesmo. Ter saído da minha zona de conforto, ter somado na estatística dos que trocam a host family, ter vivido outra cultura, outra língua, tudo isso não tem preço.
Me lembro de, durante o intercâmbio, me perguntar diversas vezes se tanto esforço, tanto dinheiro, tantos quilômetros longe de casa, tinham valido a pena. Toda vez pensava no que já tinha vivido ali, os perrengues, os momentos bons, os ruins. Pensava na saudade, nas coisas novas que pude, graças a essa nova vida, viver. Pensava nos meus pais aqui, em mim, no que eu sentia. E a resposta sempre era sim, com certeza, claro, claro que sim.
Tudo isso valeu a pena e eu faria mil vezes se fosse preciso. Não tem esforço ou preço que pague a liberdade, que hoje eu tanto sinto falta, que Victoria me deu. O Gabriel de hoje, já com 17 anos, estudando pro vestibular – sem saber o que fazer da vida e incerto do que vem pela frente – é com certeza mais completo do que o que chegou em Victoria ingênuo e sem saber o que era o tal do “maple syrup”.
Eu, hoje, sou muito grato à independência que esta experiência me trouxe. A sensação de fazer as coisas por conta própria é renovadora, desde pagar a conta do celular a sair por aí correndo pelas trilhas a fora. Conhecer lugares novos é um dos meus maiores prazeres, viajar, descobrir o mundo, viver novas culturas e desbravar o desconhecido são parte das coisas que me fascinam.
E foi isso que Victoria me proporcionou. Conhecer um pouco mais do mundo, mesmo que numa cidade tão pequena. Conhecer a mim mesmo. Ver que existe tanta coisa além do que se pode ver ou imaginar, que cada pedra no caminho é na verdade um grande aprendizado e que a cada passo é que se aprende a pular essas pedras. É vivendo, é tentando, é errando, é viajando.