O sistema de ensino superior no exterior costuma gerar muitas dúvidas em quem quer expandir a sua carreira acadêmica fora do Brasil. Isso acontece porque do método de seleção ao processo de graduação são muitas as diferenças deste sistema em relação ao brasileiro.
Para ajudá-lo a compreender melhor as nomenclaturas e o funcionamento dos processos de graduação universitária das universidades nos Estados Unidos, preparamos um guideline sobre o sistema de ensino superior americano. Confira!
Como funciona o processo de graduação nos Estados Unidos?
O primeiro passo para quem está interessado em obter um diploma de bacharel nos Estados Unidos é buscar a entrada direta ou indireta em uma faculdade ou universidade americana. Existem algumas opções de ingresso para estudantes estrangeiros, entre as quais as mais populares são a aplicação direta com intermédio de uma agência de intercâmbio e o Pathway.
Ao ser aceito em uma instituição de ensino nos Estados Unidos, os alunos têm a oportunidade de escolher no ato da matrícula uma área de estudos geral e uma área de estudos específica, que é chamada de major. O major corresponde ao curso no qual o estudante deseja se formar.
Embora a maioria dos estudantes comece a trajetória universitária com o seu major definido, existe a possibilidade de escolher a especialização somente no final do segundo ano da faculdade, em uma abordagem conhecida como undecided major.
A flexibilidade do sistema de ensino americano
Nos dois primeiros anos da graduação nos Estados Unidos, os estudantes focam em disciplinas que correspondem à área de estudos geral escolhida – as chamadas core classes. Essas matérias geram créditos obrigatórios para a conclusão do curso, mas nem sempre têm relação direta com a especialização que o aluno vai buscar no futuro. Alguns exemplos de matérias são: literatura, ciência, ciências sociais, artes, história etc.
A ideia é flexibilizar o ensino, fazendo com que o aluno adquira uma base geral sobre diversos assuntos antes de se concentrar na sua área de estudo específica. Esse modelo também dá ao estudante a possibilidade de trocar ou expandir a sua área de especialização ao longo do seu percurso acadêmico, já que ele só será obrigado a definir o seu major a partir do terceiro ano de graduação.
O aluno que já tem o major definido poderá focar em sua área de estudo desde o começo, tendo aulas em disciplinas que atendem aos requisitos de conclusão do curso, conquistando, assim, o número de créditos obrigatórios.
Como funciona o sistema de créditos durante a graduação universitária?
Para conquistar o diploma, o estudante é obrigado a cursar certo número de matérias específicas do majorescolhido. Sendo assim, a conclusão do bacharelado vai depender do tempo que o aluno levará para cursar todos os créditos acadêmicos obrigatórios.
Uma graduação americana padrão é composta por uma média de 130 créditos, sendo que a maioria das disciplinas equivale a três créditos. Os cursos costumam ser projetados para serem concluídos em quatro anos de estudos em período integral, mas não existe limite para a conclusão da graduação, o que vai depender exclusivamente da dedicação e da disponibilidade financeira de cada estudante.
O estudante também é responsável por monitorar os seus créditos e por se matricular de maneira espontânea nas disciplinas obrigatórias ou não a cada semestre. É importante lembrar que alunos internacionais devem cursar no mínimo 14 créditos por semestre para manter válido o visto de estudante nos Estados Unidos.
Confira abaixo, um exemplo de como um major em Economia pode ser estruturado na Pace University, utilizando o sistema de créditos acadêmicos:
O que são os minors?
Durante a graduação nos Estados Unidos, o estudante terá a oportunidade de ter contato com disciplinas que nem sempre estarão diretamente relacionadas ao major, mas que serão importantes para a obtenção dos créditos necessários para a graduação. Ao concentrá-las em uma área secundária específica, o aluno também poderá adquirir créditos para o certificado de minor.
Sendo assim, se o major é definido como a área de estudo em que o aluno escolhe se concentrar para especialização durante a graduação, o minor é reconhecido como uma área secundária que o aluno pode cursar paralelamente.
Confira, abaixo, um exemplo de como um minor em Política pode ser estruturado para um aluno de Economia na Pace University, com base no sistema de créditos:
Como definir o major e o minor?
Ao definir o major é importante ter consciência de que esta escolha afetará o trajeto acadêmico durante a faculdade e também será fundamental para a carreira após a graduação. Por isso, a dica para acertar é considerar somente as áreas em que se tem um interesse genuíno.
Se nessa busca o estudante constatar que se interessa por mais de uma área de graduação, ele pode optar por cursar dois majors ao mesmo tempo, em uma abordagem que é conhecida como double major. Nesta modalidade oferecida por algumas instituições, o aluno terá de cumprir os créditos de ambos os majors, além de escrever uma tese unindo as duas áreas no final do curso.
Já os motivos para escolher os minors variam de acordo com os objetivos pessoais e profissionais de cada aluno. A maioria prefere cursar disciplinas que lhe interessam pessoalmente (freestanding minors) e que não necessariamente se relacionam com os objetivos de sua carreira. Esta é vista como uma boa maneira de expandir e enriquecer a sua experiência de aprendizagem na faculdade sem comprometer a graduação.
Por outro lado, há quem escolha minors relacionados com a sua área de graduação (minors related to a major), o que permite que essas aulas complementem a sua especialização. Um aluno que escolhe cursar o minor e o major em áreas complementares pode ter benefícios na vida profissional e acadêmica, caso queira continuar os estudos em uma pós-graduação ou um doutorado no exterior.
Quais os benefícios do minor?
Para o especialista Joe Cuseo, autor do livro “Thriving in College and Beyond: Research-Based Strategies for Academic Success and Personal Development”, o minor funciona muito bem para complementar indiretamente o currículo, além de contrabalancear uma área principal de estudo. “O minor pode ser uma ótima ferramenta de marketing pessoal, pois permite que o estudante explore uma segunda área interesse e, ainda assim, se forme em um tempo razoável”, afirmou em entrevista ao jornal The New York Times.
Um minor bem escolhido, segundo o especialista, pode evidenciar ainda habilidades que são aplicáveis ao major, mas não necessariamente contidas nele. Por exemplo, se uma pessoa tem um major em Ciência Política e um minor em Estatística, isso indica, indiretamente, capacidade de analisar grandes conjuntos de dados aplicáveis à sua especialização. Da mesma forma, ter um major em Ciência da Computação com um minor em Filosofia indica interesse em estruturas lógicas e em questões relacionadas à existência humana, o que pode render uma vantagem competitiva em startups e empresas que buscam funcionários mais comprometidos com o mundo.
Cada vez mais populares entre os estudantes que desejam dominar diversos assuntos, os minors e também os double majors são extremamente valorizados pelo mercado de trabalho e atrativos para profissionais que buscam carreiras mais flexíveis.
Como fazer uma universidade no exterior?
A maioria das faculdades e universidades no exterior realiza uma avaliação holística para a seleção dos estudantes. Isso quer dizer que o perfil do aluno é avaliado por completo, por meio de redações, histórico escolar, o exame SAT, cartas de recomendação, entrevistas pessoais e, claro, boas notas em testes de proficiência, sendo TOEFL e IELTS os mais aceitos.
A época de matrícula e entrega da documentação varia de acordo com o país da instituição escolhida. Se o objetivo for fazer uma universidade nos Estados Unidos, na Austrália ou no Canadá, as aulas começam em meados de agosto.