DESTINOS

Ser ou não ser Au Pair nos Estados Unidos?

Conheça a experiência da nossa ex-embaixadora Beatriz Morgado e da ex-Au Pair Débora Fuscaldo e entenda como o programa pode transformar sua vida!

Published

on

Au Pair é um programa de intercâmbio voltado para meninas de 18 a 26 anos nos Estados Unidos. Trabalho, estudo, diversão, crianças, atividades, responsabilidades. Ufa!

Conheça a experiência da nossa ex-embaixadora Beatriz Morgado e da ex-Au Pair Débora Fuscaldo e entenda como o programa pode transformar sua vida!

STB: Por que escolheu o Programa Au Pair? Já havia feito outros intercâmbios?

Beatriz Morgado (BM): “Quando pesquisei as opções de intercâmbio, o Au Pair me chamou a atenção, primeiramente, pelo custo x benefício. Depois, pela diversidade de experiências vividas nele e por ser um programa que une estudo, trabalho e a melhor parte: viagens”!
Debora Fuscaldo (DF): “Quando fui ao STB queria fazer um intercâmbio para aprender inglês, mas não sabia como ou para qual país. Quando me apresentaram o programa Au Pair fiquei fascinada pela ideia! Amo crianças e junto com a facilidade de custo e pelos benefícios que seriam adquiridos, era perfeito para mim”!

STB: Quais eram suas expectativas com o programa?

BM: “Minhas expectativas não eram muito grandes! Eu fui com os pés no chão e, praticamente, esperando o pior. Não aconselho fazer isso, porque a ansiedade aumenta e a tensão também! Mas também não recomendo ter expectativas de uma vida de princesa. Só posso dizer que tudo o que eu vivi e aprendi foi muito melhor do que eu imaginava que seria”!
DF: “Para ser bem realista eu não fui esperando tanto, acho que quanto menos você espera melhor é, assim as coisas te surpreendem. Eu imaginava que seria babá das crianças, cuidaria delas, teria uma boa relação com a família e só. Mas foi bem diferente, criamos laços afetivos, uma relação de confiança. Construímos um vínculo que jamais será esquecido”.

STB: Como foi o processo de entrevista com as famílias? Houve muita espera até alguma família escolher você?

BM: “Meu processo foi bem tranquilo. Falei com quatro famílias, todas na primeira semana em que fiquei online. O interessante é que todas eram famílias grandes, quatro ou cinco filhos! Falei com as duas primeiras pelo Skype, por telefone e por e-mail. Fechei com a segunda família uma semana depois do primeiro contato”!
DF: “Nas entrevistas com as famílias eu fazia questão de perguntar absolutamente tudo que eu queria saber, não ficava acanhada de forma alguma. Acho que é necessário ter muita paciência nessa hora e não esquecer que você vai morar com essa família por no mínimo um ano”.

STB: Quais dicas você dá para avaliar as famílias que entram em contato com a Au Pair?

BM: “Essa é a parte mais importante do processo, então, deve ser feito com muita calma! A cultura americana é muito diferente da nossa, portanto, é importante conhecer os hábitos da família e se você se identifica com eles, desde religião até as regras de uso do carro, horário para retornar a noite (o famoso “curfew”), expectativas que eles têm sobre suas atividades etc. Outra dica é pedir o contato das antigas ou da atual Au Pair pra você bater um papo.”
DF: “É importante que você pergunte tudo sobre eles: hábitos alimentares, horários de trabalho, o que as crianças gostam de fazer, se praticam esportes, se fazem atividades juntos, como é a região que vivem, se praticam alguma religião, o que não gostam de fazer, o que não gostariam que você fizesse, etc”.

STB: O que fez para que sentisse realmente preparada para o Programa?

BM: “Fiz um curso de conversação em inglês para dar uma “desenferrujada”. Foi ótimo! Além disso, acumulei o máximo de horas de experiência com crianças! Fiz trabalho voluntário em uma ONG da minha cidade, que foi muito gratificante, e trabalhei numa creche durante alguns meses. Li diversos blogs de Au Pairs, participei de grupos no Facebook e comecei a escrever meu próprio blog, que ganhou centenas de leitores em poucos meses. Quem quiser conhecer, fazer contato e receber dicas é só acessar:http://aupairnoseua.com.br.”
DF: “Durante o preenchimento do application eu fazia aulas particulares de inglês para me ajudar com o vocabulário mais especifico para crianças. Foi ótimo porque eu pude elaborar meu application de uma forma mais correta e acredito que isso tenha sido importante para as famílias entrarem em contato comigorrículo. Também fiz um curso sobre cuidados com bebês recém-nascidos e trabalho voluntário em uma creche da minha cidade”.

STB: Como foi o encontro com a família?

BM: “O primeiro encontro foi emocionante. Minha host mom foi me buscar em New Jersey, onde acontece o treinamento com Au Pairs do mundo inteiro. Quando passei pela porta, ela estava me esperando com uma câmera pendurada no pescoço e um sorriso no rosto e, ao lado, minhas duas “kids” maiores, cada uma segurando um desenho feito por elas escrito “Welcome Beatriz”. Tenho os dois guardados até hoje”!
DF: “Foi meio estranho, não sabia o que fazer, as crianças ficaram tímidas, mas eu fui muito bem recebida, eles tinham preparado um almoço em casa e comemos todos juntos para nos conhecermos melhor. Depois me deixaram a vontade para arrumar minhas coisas no quarto, conversar com a minha família aqui no Brasil para avisar que estava bem. Foi bem tranquilo depois do primeiro impacto”.

STB: Encontrou alguma dificuldade com relação aos moradores da casa?

BM: “Tive algumas dificuldades por causa de convivência e diferenças culturais, mas nada absurdo. Minha host mom era muito sincera e muito aberta para conversar. Meu host dad quase não parava em casa. Eu e ele tínhamos alguns momentos “best friends”, falávamos de rock and roll, guitarristas e bateristas, shows e viagens”.
DF: “Não tive nenhum problema com ninguém, só com o inglês em algumas situações, o que é completamente normal. A minha host mom não deixava de me perguntar um dia sequer se estava tudo bem comigo, como tinha sido o meu dia com as crianças, se eu tinha algum comentário a fazer. Jantava quase todo dia com ela e com o host dad, conversávamos sobre a vida, Brasil, EUA, minha família, programas de TV, meus estudos, etc”!

STB: Quantas crianças você cuidava? Quais as idades?

BM: “Dois meninos e duas meninas! E sim, eu cuidava delas sozinha, viu? E sim, eu ficava com os quatro ao mesmo tempo! Eram fofos, muito carinhosos e obedientes, mas davam trabalho! Era um menino mais velho que tinha cinco anos quando eu cheguei, a menina mais velha tinha quatro e um casal de gêmeos de nove meses”!
DF: “Eu cuidava de duas meninas, Bella de quatro anos e Samantha de sete. Meninas fofas, carinhosas e obedientes, tive sorte”!

STB: Havia muitas regras a cumprir com relação aos cuidados das crianças?

BM: “Muitas regras, principalmente em relação aos bebês que nasceram prematuros. Um dos bebês era alérgico a um tipo de leite e o outro só podia tomar um tipo específico para ganhar peso. Sempre que brincavam com alguma coisa, eu tinha que limpar depois com antisséptico, pois minha host mom era neurótica com germes! Os maiores também tinham regras: eram proibidos de assistir a vários programas de TV, principalmente Bob Esponja (até hoje não sei por que)”!
DF: “A minha família era muito metódica, gostava de tudo controlado com horário e feito passo a passo certinho. Então eu tinha que controlar os horários de tudo. Televisão apenas 1h e meia por dia e determinados programas. Regras para comida também: sempre uma proteína, um carboidrato e um legume (ainda que fosse tudo congelado, rs). Brincar só depois que a tarefa da escola estivesse feita”.

STB: E com relação a você? Tinha liberdade para fazer qualquer coisa?

BM: “Eu tinha bastante liberdade, mas não abusava. Tinha meu próprio carro, mas não podia dirigir para a capital, nem para fora do estado da Pensilvânia. Durante a semana, eu podia chegar até às 22h. De sexta e sábado eu podia chegar até às 2 da manhã. Boa parte dos meus fins de semana passava na casa das minhas amigas. Mas meus host parents eram bem tranquilos”!
DF: “Eu tinha horário para chegar em casa apenas quando eu fosse trabalhar no dia seguinte, pois não tinha carro para usar nas minhas horas livres, só para levar as crianças. Sempre que ia dormir na casa de amigas eu avisava para que não ficassem preocupados. Tirando isso, eu podia fazer o que quisesse dentro da normalidade, claro, nunca abusei.

STB: Como era o seu dia a dia / rotina com a família?

BM: “Era bastante intenso! Meu horário fixo era das 8h às 17h de segunda a sexta. Tomava meu café da manhã às 7h40 e começava a preparar o das crianças maiores. Enquanto comiam, eu corria para cuidar dos gêmeos (trocar fralda, roupa) e preparava o café deles também. O menino maior ia para a escola e os outros três ficavam em casa. Lavava a louça, as roupas, os levava para a sala de brincar e passava boa parte da manhã brincando com eles. Os maiores faziam natação, futebol, karatê, balé…”
DF: “Meu dia começava as 07h20 da manhã. Preparava a “lunch box” das meninas com o almoço delas. Depois disso, as acordava, ajudava a se trocarem, escovar os dentes, lavar o rosto e dava café da manhã e levava para a escola. A partir daí eu ficava off até as 15h30 da tarde e aproveitava para ir a escola, fazer academia, almoçar com as minhas amigas, etc. Em seguida, buscava as meninas na escola, dava um snack (lanche da tarde) e levava as duas para as aulas extras: piano, basquete, vôlei, judô, violino, ballet, sapateado…”

STB: Como lidava com a distância dos parentes e amigos do Brasil?

BM: “Eu comprei um plano de celular que ligava de graça pra telefone fixo no Brasil e, ainda, tinha Skype! Aniversários, Natal foram momentos bem difíceis, mas acho que lidei melhor com as situações do que eu imaginava. Minhas amigas eram meu grande porto seguro e a família que eu construí enquanto estava lá. Apoiávamo-nos umas às outras, pois entendíamos como ninguém o significado de homesick”!
DF: “Eu não vou negar que sentia falta, saudade de todo mundo, mas isso nunca foi problema para mim. Sempre fui mais independente, viajei bastante. Quando a saudade apertava mais eu falava e via todo mundo pelo skype, comia comida brasileira, tentava ver novela pela internet”!

STB: Em sua opinião, quem quer ser Au Pair precisa ser / ter…

BM: “Tem que amar crianças acima de tudo! Parece clichê, mas é a pura verdade! Se você não gosta ou não tem paciência, não vai dar certo! Tem que ter jogo de cintura para lidar com situações inesperadas e se adaptar a uma cultura diferente”.
DF: “Ser muito flexível, se adaptar a regras que talvez não concorde, ter paciência e o mais importante de tudo, gostar MUITO de crianças, caso contrário você não deve fazer esse programa”!

STB: O que mais gostou nessa experiência? O que menos gostou?

BM: “As crianças! Impossível não se apegar. Além delas, gostei muito das viagens que fiz. Não gostava dos dias em que eu trabalhava tanto que chegava a chorar de cansaço”.
DF: “O vínculo que criei com a família é a coisa que mais enche o meu coração de felicidade quando me lembro do meu ano de Au Pair, também tive a oportunidade de conhecer muitos lugares, conhecer outras culturas, o que para mim faz mais sentido na vida. Me incomodava às vezes não ter total privacidade na casa que eu morava. Mas eu já sabia que isso aconteceria e não era um grande problema.”

STB: O que aprendeu com o Programa? Suas expectativas foram cumpridas/superadas?

BM: “Eu amadureci muito e aprendi a lidar com situações que nunca imaginei. O inglês é uma das coisas mais simples que você aprende como Au Pair. A experiência é muito mais rica e intensa do que parece! Minhas expectativas foram superadas, com certeza”.
DF: “Ser Au Pair é uma experiência muito intensa. Aprendi que sou muito mais forte do que imaginava e que tenho jogo de cintura para lidar com situações adversas. Minhas expectativas foram superadas, imaginava que meu ano seria diferente, não tão proveitoso no sentido de crescimento pessoal, mas eu tive a oportunidade de estudar na mais famosa universidade de New York, conhecer o Hawaii, assistir a espetáculos incríveis da Broadway e conhecer lugares antes só vistos em filme.  Foi incrível”!

STB: O que você diz para as garotas que sonham em ser Au Pair?

BM: “Essa é uma oportunidade única na vida de aprender inglês, viajar muito, trabalhar em algo diferente e ainda se autoconhecer! Será, com certeza, uma das experiências mais ricas da sua vida”.
DF: “É uma oportunidade que não vai voltar, se você tem todos os requisitos necessários para fazer o programa, faça! As chances aparecem na nossa vida uma vez só”!

STB: Você faria tudo de novo?

BM: “Com toda a certeza do mundo”!
DF: “Tudinho, do mesmo jeito”!

Continue Reading
Click to comment

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.

Sair da versão mobile