Rotina de estudos para uma estudante internacional não é fácil. Além de aprender um mundo de coisas novas, aprendemos um mundo de coisas novas EM UMA OUTRA LÍNGUA. O que passa a ser um desafio ainda muito maior. Ou seja, não é apenas aprender inglês… é APRENDER EM INGLÊS!
No começo é complicado… Mas depois de alguns meses no curso ITP (Programa de Tecnologia Interativa) da New York University, parece que meus ouvidos acostumaram com o ‘inglês’ e ter aulas em outra língua está sendo mais natural. Nem percebi quando essa mudança aconteceu, mas para quem tem receio quanto a estudar em outra língua, posso dizer… os seus sentidos acostumam facilmente.
É claro que às vezes ainda fico um pouco perdida quando não sei uma palavra específica, mas aos poucos essa ansiedade em tentar entender cada uma das palavras foi desaparecendo. Você aprende a não se focar em traduzir palavra por palavra, mas sim entender o contexto geral do que está sendo falado.
Porém, esse processo é um tanto contraditório. Isso porque o nosso racional quer continuar tentando traduzir e entender todas as palavras. No início, você faz um esforço enorme para traduzir tudo e acaba se perdendo toda hora que aparece uma palavra que não sabe o significado. Você para, pega o dicionário (ou a app de tradução do iPhone) e traduz. Mas até você fazer tudo isso, o professor já está muito longe com o discurso e aí sim você está perdido.
Eu fazendo anotações na aula
No começo das aulas, não saber uma das palavras era um grande problema para mim e eu, orgulhosa e querendo aprender mais e mais vocabulário, parava e fazia todo esse processo. Mas no final acaba sendo um pouco angustiante, pois para recuperar o que eu perdi enquanto checava o significado da palavra, não era tão fácil.
Após bater a cabeça muitas vezes, percebi finalmente que minhas aulas no mestrado não eram minhas aulas de inglês e que eu não estava na classe para ampliar meu vocabulário e sim aprender a matéria. Amplio o meu vocabulário fora da classe, lendo e escrevendo.
Quando finalmente parei de lutar contra mim mesma e deixei a aula fluir sem ficar caçando palavras no dicionário, aos poucos fui aproveitando mais e mais das aulas. Ao ponto de nem perceber mais que estão sendo dadas em inglês!
Quando eu parei de tentar prestar atenção em cada detalhe e deixei meu cérebro lidar com o vocabulário por mim, parece que tudo ficou muito mais fácil. As aulas ficaram mais prazerosas e aquela angústia que sentia por ter perdido um pedacinho do discurso, passou.
Isso não significa que eu ignoro todas as palavras e termos técnicos que não sei. Se o mesmo termo é citado diversas vezes em uma aula, eu já jogo no Google e procuro descobrir.
O mesmo pode acontecer em reuniões de grupo, porém nesse caso é mais fácil. Eu geralmente peço que me expliquem o que querem dizer com algum dos termos, meus amigos explicam rapidinho e a reunião continua. Assim, sem ter vergonha de perguntar, você aprende o novo termo e continua numa boa.
Na faculdade, quando você é um estudante internacional, os alunos geralmente costumam gostar de ajudar e têm paciência em explicar, sem problema nenhum. Não tenha vergonha de pedir ajuda e perguntar. Eu sei disso porque no começo eu tinha vergonha também, mas percebi que era besteira dificultar a minha vida enquanto estava rodeada de pessoas que podem (e querem) ajudar.
Deixo então algumas dicas para facilitar esse processo de entendimento e naturalização da língua:
Leia jornais e livros, traduzindo palavras novas com o objetivo de ampliar seu vocabulário.
Mantenha um caderno com todas essas palavras novas, para exercitar sua mente e memorizar mais fácil a nova palavra.
Em aulas e palestras não se prenda em traduzir tin tin por tin tin e sim deixe seu cérebro fazer o trabalho por você. No começo é difícil, porém aos poucos você se acostuma e o entendimento é muito maior.
Faça anotações da aula usando frases de efeito e bullet points com as principais
Em reuniões de grupo ou conversas com os amigos não tenha vergonha de interromper e perguntar. Só não faça isso a cada uma das palavras, né? Selecione o vocabulário importante para compreender a conversa.