Ano novo na Times Square

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Ouvi dizer que muitas pessoas sonham em passar a virada do ano na Times Square, em New York. Eu não sei se vivi a experiência a fundo, mas não consigo entender o porquê de sonhar tanto com isso! Já passei a virada em Copacabana e dá de 10 a zero. 😛

Mesmo assim, não posso reclamar e nem dizer que não me diverti. Diversão não faltou naquele lugar, ainda mais porque conseguimos reunir um grupo de mais de 15 brasileiras, todas Au Pairs, pra passar pelo mesmo perrengue!

E a saga foi a seguinte:

De sexta pra sábado (dia 30 pro dia 31), me hospedei na casa de uma amiga que mora perto de Long Beach Island, que dá mais ou menos 30 minutos de trem até New York City. Na manhã do sábado, passamos no supermercado para comprar comida e outros suplementos para aguentar as horas de espera no meio da multidão, pois sabíamos que assim que chegássemos lá e nos enfiássemos no meio do povo, seria impossível de nos locomovermos pra buscar comida ou banheiro, pelo menos até meia-noite.

Pra garantir, enfrentamos 1 hora de fila no Mc Donald’s mais próximo da Penn Station (principal estação de trem de New York) para usar o banheiro! Absurdo, mas é uma multidão inexplicável. E diferente do furdúncio de Copa, não existem banheiros químicos espalhados pela rua! Por causa disso, há boatos de que muitas pessoas compram fraldas geriátricas durante a festa na Times Square, pois assim não correm o risco de molhar as calças! Bizarro, né? Mas confesso que durante o aperto que passamos na fila do Mc Donald’s, compreendi melhor a ideia das pessoas que fazem isso! 😛

Tentamos chegar o mais cedo possível, mas mesmo assim, não foi cedo o suficiente. Eu não estava acreditando que as pessoas começavam a se aglomerar antes do meio-dia, portanto resolvemos chegar por volta das 4 da tarde (deveria ter sido às 3h, mas a fila do banheiro do Mc Donald’s atrasou nosso processo)!

Muitas ruas já estavam fechadas e demoramos um bom tempo para conseguir um lugar razoável para ‘montar acampamento’. Ficamos na Broadway entre a 41st street e a 42nd street, mais ou menos 4 ou 5 ruas pra baixo de onde estavam rolando os shows. Eu achei que não fosse tão longe, até perceber que durante o tempo todo em que fiquei ali, não vi e nem OUVI qualquer pedacinho do show (Lady Gaga, Justin Bieber e outros artistas pop que não me recordo). Não que eu fizesse questão de assistir aos shows, mas certamente seria algum tipo de entretenimento e distração durante as 8 horas em que permanecemos praticamente imóveis na famosa festança da Times Square!

Enfim, como aquele velho clichê diz, não importa onde você esteja, desde que esteja com as pessoas certas! Meu ano novo foi isso: não vi nada demais na Times Square, mas tive uma das melhores viradas de ano da minha vida, pois estava cercada de brasileiras queridas fazendo nossa própria festa! Querem saber o que rolou?

Nós sentamos no chão e fizemos a maior farofada, com direito a montar sanduíche de presunto e queijo no pão de forma e abrir 3 latas de batatas Pringles sem dó! Brincamos de adoleta num círculo enorme. Cantamos um repertório IMENSO de músicas brasileiras, das mais terríveis às mais clássicas! E sabem o que foi mais engraçado? O povo entediado ao nosso redor, aqueles que não possuem nosso lindo espírito brasileiro super divertido, começaram a nos filmar, a pedir para cantarmos músicas (Ilariê da Xuxa foi a mais pedida, inacreditavelmente, seguida de ‘Ai se eu te pego’, de um tal de Michel Teló de quem eu nunca havia ouvido falar até então, uma pena)!

Balançamos a bandeira brasileira e às 9 da noite, quando no Brasil os relógios atingiram meia-noite, comemoramos o ano novo cantando nosso hino nacional e depois a clássica e brega ‘adeeeeeus aaaaano veeeelho, feliiiiz aaaaano noooovo, que tuuuuudo se realiiiize no ano que vai nasceeeer…’ (o vídeo tá aí abaixo para comprovar)! Eu sei que tudo isso parece bem brega e o maior mico do mundo, mas quando você tá há um tempo tempo longe de casa e percebe o quanto ama o seu país, essas coisinhas bobas se tornam momentos emocionantes em que você o enche o peito de orgulho pra cantar ‘eeeeeu sou brasileeeeiro com muito orguuuuulho, com muito amooooooooooooo ooor!’.

 

Foi lindo e gratificante! As pessoas ao nosso redor tiravam fotos com a gente e nos filmavam o tempo inteirinho, era bem engraçado. Alguns dos nossos vizinhos (Spanish speakers!) se juntaram ao nosso círculo, dançaram Macarena e aprenderam várias musiquinhas clássicas do Brasil.

Depois fiquei pensando… como o povo não-brasileiro que estava passando pelo mesmo perrengue que a gente aguentou ficar todas aquelas horas EM PÉ, sem sorrir, sem cantar, sem festejar e praticamente sem conversar? Sério, eles pareciam estátua. Os holofotes estavam todos em nós!!!

De uma coisa eu não posso reclamar: a organização da multidão é inacreditável. A NYPD (New York Police Department) está de parabéns, pois não deve ser fácil manter o controle de toda aquela gente e ainda seguir sorrindo na maior simpatia. É claro que a brasileirada fez amizade até com os policiais, né? Não perdoamos um ser vivo!

As ruas eram todas fechadas e as pessoas ficavam separadas em blocos. Assim que os policiais achavam que tinha espaço, iam liberando o povo de bloco em bloco, assim não ficava ninguém esmagado, não tinha empurra-empurra e todo mundo conseguia curtir seu próprio espaço numa boa, mesmo que isso custasse ficar umas boas quadras atrás de onde a festa acontecia! Muito bom, né?

Mas mesmo com toda essa organização, senti falta de ver gente com amor no coração na hora da virada, sabe? A brasileirada toda se abraçou bem forte, cantou e desejou tudo de bom e do melhor, até mesmo para pessoas que haviam acabado de conhecer! E era sincero! Ao nosso redor, víamos casais dando o famoso ‘midnight kiss’ e só. Nada de abraços e chororô, nada de gritos. Nada de FOGOS!!! Tinham uns fogos meia-boca de hora em hora, mas nada demais… até os da Disney são mais lindos! E os de Copacabana, é claro!

E não que eu seja uma pessoa dependente de bebida alcóolica, mas super faltou um BRINDE! Em NY é proibido beber qualquer tipo de bebida alcóolica nas ruas e como a festa foi ao ar livre, ficamos só na aguinha… e olhe lá, pois depois de 8 horas paradas, nossas garrafinhas já estavam secas.

A experiência valeu a pena, gostei muito de ter passado por isso, mesmo que tenha servido apenas para me fazer ter noção do quanto eu amo o Brasil e, principalmente, o espírito dos brasileiros! Não há nada igual nesse mundão!

Beijos pra todos e feliz 2012!!!

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