Grande parte de morar em outro país é aprender sobre essa nova cultura. Isso envolve conhecer sobre novos esportes e torcer por novos times, normalmente os times da sua cidade. No Brasil, o esporte nacional é o futebol. Aqui nos Estados Unidos também! O esporte mais popular por aqui também é o futebol, porém um tipo diferente de futebol: o futebol americano!
O nosso futebol brasileiro é conhecido na América do Norte como soccer e o futebol que conhecemos como sendo ‘americano’ é chamado de football. Mesmo com esse nome, bem diferente da nossa pelada, o futebol americano não é jogado com o ‘foot’ – pé.
Os principais esportes dos Estados Unidos são o basquete, baseball e o futebol americano. Quando um estrangeiro vai para o Brasil não há como não se contagiar pela paixão brasileira pelo futebol, aqui nos Estados Unidos também acontece o mesmo.
A paixão dos americanos por esportes é refletida em todos os lugares. São dezenas de canais na televisão dedicados a esportes, jornais, lojas de artigos esportivos, estádios espalhados pelas principais cidades. Os norte-americanos são super incentivados a dedicar seu tempo em prol dos esportes e as escolas e faculdades americanas oferecem diversas bolsas para atletas. O resultado de tudo isso você vê no quadro de medalhas das Olimpíadas no qual os Estados Unidos geralmente ocupa a pole position.
Nesse post então, vou compartilhar minha experiência como uma nova torcedora de futebol americano já que recentemente aconteceu o Super Bowl.
Mas o que é o famoso Super Bowl?
Eu sempre achei que o Super Bowl fosse o campeonato de futebol americano, porém ele é na verdade apenas um jogo do campeonato anual de futebol americano. Aliás, o último e mais importante jogo do campeonato da NFL (National Football League) onde é decidido o grande campeão.
Por ser a final do campeonato do esporte favorito entre os norte-americanos, o Super Bowl é o maior evento dos Estados Unidos. Independentemente se o time chegou ou não na final, os americanos assistem em peso ao Super Bowl. Faz parte da cultura e tradição ir para um ‘sports bar’ ou reunir os amigos em casa para assistir ao jogo.
E não se esqueça da comida!!! MUITA COMIDA! Asas de frango (chicken wings), pizza, nachos com muito molho, mini hot-dogs, chilli e cookies! Para não tirar os olhos da telinha, os americanos reforçam a mesa com diversos tipos de snacks e, claro, cervejas. Por conta disso, o Super Bowl virou o dia com o segundo maior consumo de comida nos EUA, atrás só do Thanksgiving.
Faz parte da tradição do Super Bowl convidar um grande artista dos Estados Unidos para cantar o hino nacional antes da partida começar. Já na hora do ‘intervalo’, durante o chamado Halftime – entre o segundo e terceiro quartos – existe um grande show musical com uma mega produção. Esse ano, o show foi da musa Madonna.
Como se pode imaginar, os ingressos para ir ao Super Bowl são absolutamente caros e impossíveis de comprar (eles esgotam em poucos segundos!). Já a cidade sede do evento varia a cada ano, sendo escolhida previamente pela própria NFL, independentemente se o time da cidade estará ou não na final.
Os comerciais do Super Bowl
Uma consequência da gigantesca audiência – nacional e internacional – do Super Bowl são os caríssimos intervalos comerciais. Ainda mais em uma época onde a audiência da TV cai cada vez mais, um evento que coloca milhões de pessoas grudadas aos aparelhos, prestando atenção aos mínimos detalhes, vale MUITO.
É a publicidade mais cara da televisão! Para colocar um comercial nos intervalos do Super Bowl, as marcas pagam pequenas fortunas. Para se ter uma ideia, colocar um comercial de 30 segundos no ar no Super Bowl custa US$ 3,5 milhões de dólares. Lembrando que grande parte dos anunciantes repetem o comercial mais do que uma vez!
Mas o que faz as 90 milhões de pessoas QUEREREM assistir os comerciais e, mais do que isso, AGUARDAREM POR ELES, PRESTAREM ATENÇÃO e COMENTAREM? Bom, é um ciclo fácil de entender. São milhões de pessoas assistindo o Super Bowl, assim as marcas querem ter seus produtos expostos a essas pessoas, pagando uma grana absurda por isso. Assim, as pessoas querem saber quem são as marcas que pagaram essa grana insana e o que elas vão mostrar nesses 30 segundos que têm disponíveis. E já que estão pagando milhões, as marcas procuram fazer bem feito: comerciais inovadores, criativos e recheados de muito humor.
Os comerciais do Super Bowl conquistaram os espectadores e ganharam fama, fazendo parte indispensável do evento. Existe uma grande expectativa diante das marcas que irão anunciar no Super Bowl e sobre os comerciais que irão mostrar. Eles são antecipados em milhares de blogs, revistas e programas de televisão, gerando muita especulação antes mesmo do jogo.
O meu Super Bowl
Nesse ano, fui para casa de uns amigos onde assistimos todo o jogo. Desde que me mudei para os EUA, essa foi a primeira vez que um time de Nova York estava competindo o Super Bowl. No ano passado, nenhum dos dois times de NY – Giants e Jets – chegou na final. A expectativa e emoção assim era muito maior, todos os nova-iorquinos estavam ansiosos e, durante toda a semana que antecedia o jogo, não se falava de outra coisa por aqui.
Ah, um detalhe importante sobre os torcedores americanos: apesar de terem seu time favorito (por exemplo, os Jets), eles também torcem para o outro time de Nova York. O conceito de ‘rival’ (como São Paulo, Corinthians e Palmeiras) é bem diferente aqui. Rivais são outras cidades/estados (como Brasil e Argentina), mas não os times da mesma cidade.
Chegando na casa dos meus amigos, mais da metade deles vestia a camiseta dos Giants. Eu já sei as regras básicas do jogo (depois de me explicarem umas 50 vezes já que eu sempre esqueço!), porém continuava interrompendo os pensamentos de meus amigos com perguntas.
Por conta do calor do momento, todos animadíssimos narrando o jogo, falando sobre táticas e xingando jogadores. Porém, na hora do intervalo, todos tinham que ficar bem em silêncio para podermos ouvir os comerciais. Sério!!!
Momentos tensos durante o jogo, e sobretudo, nos minutos finais. Não sabíamos se os Giants iam ou não ganhar o jogo e os minutos que antecederam o final da partida foram totalmente cruciais. No final, os Giants ganharam e a festa era gigantesca!
Após nos abraçarmos e pularmos por conta da vitória resolvemos sair às ruas e nos unir com o resto dos nova-iorquinos em celebração. Fomos até a Times Square já que é um dos principais pontos de encontro da cidade. Lá, pessoas de todo o mundo comemoravam o feito. Mas estava frio demais para continuar a celebração por ali. Sem pensar demais, fomos para um bar próximo que estava totalmente decorado para o evento. O clima era de festa e todos estavam muito felizes!
Dançarina comemorando na Times Square
Diferente do Brasil, não se escuta rojões e fogos de artifício (não tenho certeza, mas deve ter alguma lei que proíbe isso). Mas em compensação, o time campeão recebe um desfile pelas ruas da cidade poucos dias após a vitória.