Seis coisas que gosto no Brasil e que queria ter nos EUA

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No post anterior, escrevi sobre as 6 coisas que gosto nos EUA e que queria ter no Brasil. Mas, como nenhum país no mundo é perfeito, também acho que tem uma lista enorme de coisas que eu sinto a maior falta aqui nos EUA e adorava no Brasil, então selecionei alguns itens para compartilhar com vocês! Fiquem à vontade para comentar e me ajudar a aumentar essa lista. E se você for intercambista em algum lugar do mundo, compartilhe sua própria listinha!

Restaurante por quilo, padaria e comidinhas
 
GENTE, como isso faz falta!!! Parece bobagem, mas não é! Comer fora nos EUA é absurdamente caro. Mais uma vez eu digo: não sei se minhas listas se aplicam a todos os Estados americanos (dizem que tem comida por quilo aos quilos em Nova York)… eu estou escrevendo baseada totalmente na minha experiência de vida aqui na Pensilvânia, ok?
Enfim… o único restaurante por quilo que achei desde que cheguei aqui foi um BRASILEIRO! Que maravilha, poder escolher exatamente o que você quer comer e a quantidade de cada item do seu prato! Isso é tão inteligente! Como os outros países não aderem à ideia? Não me conformo!!!
Aqui só tem opção à la carte ou ‘all you can eat’, que é tipo rodízio: você paga uma taxa fixa e pode repetir quantas vezes quiser. Mas por quilo? Nadica de nada.
Sinto muita falta de estar com pouca fome e poder colocar pouca comida no prato e pagar o preço que ela vale! Ou estar com muita vontade de comer batata, mas nem tanta de comer arroz… aí encher o prato de batata e colocar um arroz só pra dar um charme! Ai, ai…
Falando de comida, vale a pena listar comidinhas fundamentais que sinto falta, considerando que não sou nem um pouco fã de comida americana: absolutamente TODOS os pratos já feitos pela minha mãe, arroz todos os dias e bem temperado, feijoada, escondidinho de carne seca, mandioca frita, pão de queijo, guaraná (!!!), açaí na tigela, suco de laranja natural, risoto de frango, canja, polenta frita, brigadeiro, pudim de leite, bolo de cenoura, bolo de fubá e por aí vai. Pois é, nós intercambistas somos guerreiros! Não é fácil se adaptar à rotina ‘mac and cheese’ (macarrão com queijo, prato muito popular por aqui, principalmente entre as crianças – atenção aqui, futuras Au Pairs! haha)
E gente… aqui não tem padaria!!! Isso significa que não tem pão fresquinho, não tem um ‘Manoel’ ou um mocinho que te atende todo santo dia e você já chama pelo nome, não tem a mocinha que já sabe o jeito que você gosta que corte o presunto, não tem pão doce que acabou de sair, não tem ‘pingado’ nem pão na chapa!!!  Minha vida é vazia aqui!
Quando tem padaria, são umas coisas mais refinadas! Devem existir sim algumas perdidas em cidades grandes como Nova York ou até mesmo na Filadélfia, mas se você morar no subúrbio, numa cidade de 4 mil habitantes… esqueça esse luxo!!!
Calçadas nas ruas
 
Eu moro num lugar onde não há calçadas em 80% das ruas! Na minha rua tem, mas nas ruas que a cruzam, necas! É impossível ir a qualquer lugar a pé ou até mesmo de bicicleta, pois as avenidas são bem perigosas. Se você não está andando na rua correndo o risco de ser atropelado, está pisando na grama de alguém, o que também não é muito bacana! Hahaha! Morei metade da minha vida no interior de SP, onde ia praticamente toda semana buscar pão, comprar uma Coca-Cola gelada pro almoço de domingo ou tomar sorvete com as amigas… tudo a pé!!! Durante muitos anos fui para a escola de bicicleta ou para a academia para já chegar aquecida. Aqui? 100% dependente do carro! E da gasolina, que é absurdamente cara!!! Saudade, Brasil!
Claro que existe calçada nos EUA, eu estou falando do lugar onde eu moro! Algumas das minhas amigas aqui da região moram em lugares que parecem condomínios e lá tem calçada, mas no geral é como eu… tem calçada na vizinhança entre as casas, mas nenhuma calçada que te leve ao supermercado ou a padaria. Ops, mesmo que tivesse calçada, não teria padaria. Entendem como a vida fora do Brasil é difícil? 😛
 
Vender cerveja no supermercado (entre outras coisas)
 
Não sei sobre os outros Estados americanos, mas aqui onde eu moro, na Pensilvânia, há uma lei super restrita em relação à venda de álcool (aliás, a Pensilvânia é o lugar com as leis mais restritas do país em relação a álcool). A maioridade é 21 anos e não vendem álcool para menores de idade, o que é super certo e concordo plenamente. Até aí tudo ótimo!
 
Mas há uma coisa que sinto muita falta aqui nos EUA: comprar cerveja ou qualquer outra bebida alcóolica no supermercado! Já perdi as contas de quantas vezes fizemos ‘house parties’ (festas em casa) com amigas, com churrasco ou até mesmo uma simples reunião das meninas pra assistir um filminho. Passávamos no supermercado para comprar coisas para cozinhar e, na hora de pegarmos as bebidas, sempre esquecíamos que aqui só vende refrigerante, água e suco, ou seja, nada de cervejinha com churrasco, nada de drinks especiais numa noite só para as meninas 🙁
 
Pra suprir esse desejo, temos sempre que parar em lojas específicas de bebidas, as famosas ‘beer stores’. Acontece que essas lojas geralmente têm um clima SUPER estranho, quase sempre só têm homens e ficam em uns lugares esquisitos, afastados de tudo. E, na hora de pagar, o vendedor é sempre extremamente desconfiado, pergunta pra quem é a bebida e quando dissemos que é pra nós mesmas, pedem identificação de todo mundo que estiver no local. Eu entendo essa preocupação, porque aqui, vender bebida pra menor é um crime muito sério. Mas é um trabalhão comprar uma cerveja, você não tem ideia. A maioria de nós não tem o ID americano (como se fosse o RG), então mostramos o passaporte mesmo… aí é que o bicho pega. Um monte de menina estrangeira de 22 anos com carinha de 18 (modéstia à parte) comprando engradadinho de cerveja e Smirnoff Ice numa liquor store pra quê??? Pois é… vocês não tem ideia da falta que faz o Brasil!
 
E tem outra coisa: muitos restaurantes são proibidos de vender bebida alcóolica também, a não ser que estejam certificados como restaurante E BAR. Um deles é um restaurante brasileiro na Filadélfia que eu ADORO. O pessoal vai lá comer feijoada num domingão à tarde e o lugar não vende nada alcóolico. Mas há solução: a lei permite que as pessoas levem sua própria bebida! Então o que a brasileirada faz? Leva um isopor cheio de cerveja e faz uma farofada, ou melhor, uma feijoadada com seus próprios tira-gostos! Jeitinho brasileiro está sempre presente!
 
Outra lei americana relacionada à bebida alcóolica: é extremamente proibido beber em lugares públicos, ou seja, não existe botecos ou barzinhos com mesinha na rua. Que triste! No verão faz uma falta… Mas essa lei, pelo visto, não se aplica ao estado de Nevada, pois quando fui para Las Vegas era permitido beber nas ruas! Ah, também é proibido ficar bêbado em público! Pois é, nos EUA você não vê ninguém caído no chão de bêbado, mesmo perto das baladas. Se acontecer, a polícia leva preso sem dó!
Interessante essas diferenças, né?
 
Salão de beleza decente por preço justo
 
Tem muiiito brasileiro morando nos EUA vivendo do talento de tratar cabelos danificados e unhas mal-feitas! Isso porque o Brasil é dono da melhor mão-de-obra do mundo para salões de beleza. A gente tem muita sorte. Aqui nos EUA é tudo absurdamente caro e quando você vai a um lugar qualquer para pagar um pouco menos, acaba saindo ainda mais caro, pois cortar cabelo e fazer unhas não é especialidade americana, minha gente.
 
Eu fazia escova progressiva no cabelo há cada 5 meses no Brasil e vou no mesmo cabeleireiro desde criança! Ele é meu ídolo! Nunca paguei preços absurdos, nunca reclamei de um corte e ainda tinha o luxo de fazer as unhas enquanto esperava o cabelo secar ou coisa do tipo. Tratamento de princesa mesmo! Quando mudei de cidade, continuava dirigindo 30 minutos só pra ir lá. O preço sempre foi justo e os resultados ótimos, muitas amigas minhas viraram cliente dele!
 
Aqui a gente sofre: desde que cheguei, tive que aprender a fazer as unhas sozinha, habilidade que aprimoro mais a cada semana. Isso porque fazer pé e mão não sai por menos de 40 dólares! 40 dólares = aproximadamente R$ 65, 70. É MOLE? E eu nunca vi fazer unha em salão de beleza aqui. Se você quer ir à manicure e/ou pedicure, vai a um ‘Nails Shop’, que é lugar que só faz isso. Nada daquele luxo de fazer cabelo e unha ao mesmo tempo!!! Me digam: tem isso na cidade grande aqui nos EUA? Aqui no subúrbio NÃO se encontra!!!
 
Eu estou doida pra retocar minha escova progressiva, pois meu cabelo está horrível depois de 1 ano ‘ao natural’. Minha genética não favorece muito essa parte da minha pessoa…  então estou meio desesperada! Já fiquei sabendo de salões brasucas em Philly e em New York, mas a brasileirada é esperta! Sabem que têm o dom da coisa e cobram ainda mais caro que os americanos, o que eu acho justo! Será que vou ter que esperar meu intercâmbio acabar pra ficar gata??? :O
 
Havaianas e biquínis brasucas
 
Havaianas são puro sucesso nesse país!!! Quando vim pros EUA, trouxe de presente pra todas as minhas crianças, até pros bebês, e eles AMARAM. Foram sucesso passeando na Disney, tinha gente que parava pra perguntar onde comprar e eu ficava toda orgulhosa quando eles diziam: ‘Minha babá é brasileira e trouxe do Brasil pra gente!!!’ LUXO! No verão passado, as Havaianas da minha menina arrebentaram porque emprestou pra priminha que não toma cuidado com as coisas (ela ficou brecando o balanço com o chinelo, sabe??? Quem nunca fez isso que atire a primeira pedra, hahaha)! Aí minha menina ficou muito triste, porque ela amava as Havaianas… comprei novas pela internet e mandei entregar na minha casa do Brasil. Minha mãe ía mandar pelo correio, mas minha tia acabou vindo pros EUA e trouxe pra mim. Dei outro par de Havaianas de presente de aniversário pra minha bonitinha e nada a faria mais feliz, nem mesmo uma Barbie ginasta!!! Sério, ela trata aquele chinelo como se fosse de ouro!
 
Aqui você até encontra Havaianas com facilidade nas lojas das cidades de praia, mas custam MUITO caro! Chinelo de grife, minha gente!!! Nunca consegui comprar um chinelo aqui nos EUA, são sempre feios e caem mal no pé. Havaianas superam!
 
Outra coisa que faz muita, mas muita falta no verão americano, até mais do que as Havaians: BIQUÍNIS! Gente, não aguento o ‘biquinão’ americano!!! A moda é diferente e simplesmente não combina  com a gente! Comprei uma parte de baixo comportadinha, tipo um shortinho, pra ir pra praia com as minhas crianças e host parents. Mas quando vou com as amigas por diversão, não a trabalho, não sustento o american bikini. Eu não sou daquele estilo micro de usar fio dental e ficar toda exibida, até mesmo porque não tenho corpo pra isso, mas aquela coisa de cobrir o bumbum todo parecendo uma calçola… nossa, não dá!!! Quando fui pra praia com minha família, ficavam perguntando onde estavam meus biquínis brasileiros, pra você terem noção de como a fama é grande! Hahahaha! Parece exagero, mas não é… nada do que experimentei aqui caiu bem! Somos sucesso!
 
Se você será Au Pair e precisar usar roupa de banho com a família, comporte-se, né! Entre na cultura deles, bote um shortinho ou encare o biquinião calçola, não vá ficar toda brasileira se exibindo como se não houvesse amanhã. Mas se tiver na praia pra curtir, ainda mais em lugares com muitos brasileiros, como Miami e Califórnia, curta do seu jeito! E fica a dica: traga biquínis do Brasil!!!
Gente desencanada
 
Não fiz muitas amizades com americanos, a maioria das minhas amigas são todas Au Pairs brasileiras ou de outros países, mas vivendo aqui há quase um ano já deu pra perceber o estilão das pessoas.
Eu sinto muita falta de ver gente alegre, desencanada e segura de si nos lugares! Gente rindo e falando meio alto nos restaurantes, por exemplo. Pode parecer inconveniente e tudo mais, mas é muito esquisito sair pra jantar num lugar descontraído com suas amigas e as pessoas ao seu redor estão falando baixinho, parece que só tem papo-cabeça, sabe? Já reparei que somos sempre o centro das atenções, pois geralmente falamos alto e rimos horrores, além de fazermos isso em outra língua! Muitas vezes sentimos olhares de desaprovação, mas também já perdi as contas de quantos americanos já chegaram na gente perguntando de onde somos e logo emendavam o quando estavam curtindo ver a gente se divertir numa mesa de restaurante, rindo alto e sendo feliz!!! Isso é raro mesmo de se ver aqui. O povo brasileiro cativa as pessoas com esse jeito e é uma delícia!
 
Nas baladas, as americanas estão sempre exageradamente maquiadas e vestidas com roupas curtíssimas, dançando vulgarmente e bebendo muito! Pelo menos no meu grupo de amigas brasileiras, nós nos arrumamos bonitinhas, mas nada muito Hollywood, não bebemos até cair e dançamos pra nós mesmas, não pra impressionar ‘os caras’. Querem saber? Curtimos mais do que qualquer um, sempre fazemos amizades e chamamos atenção pelo nosso jeito mais simples e natural de ser. Sinto falta disso!
 
É isso, pessoal!
 
Deu ainda mais saudade do Brasil ao escrever esse post, mas ainda tenho uns 7 meses pela frente e muito pra curtir aqui nos EUA! Minha experiência está sendo maravilhosa!
Beijo pra todos! E não esqueçam de seguir meu diário para acompanhar as atualizações sobre meu intercâmbio!

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