Acabo de completar bodas de papel no meu intercâmbio! Palmas pra mim! Clap, clap, clap! 1 ano, minha gente!
Quando estava começando a escrever esse post, notei um monte de posts comemorativos aqui no blog, então já quero aproveitar para dar parabéns para o Rapha, que tá lá na Alemanha, e para a Rebiscoito, em Londres, ambos completando 6 meses de intercâmbio! Que delícia! Como passa rápido! E como passa devagar ao mesmo tempo. É uma sensação que só a gente que tá longe de casa consegue explicar, né?
Bolo que minha host family fez para celebrar meu primeiro ano aqui nos EUA!
Já fiz uma série de posts comemorativos no começo da minha saga como STB Friend e até uma retrospectiva do ano de 2011 com uma lista dos pontos altos do meu intercâmbio. Agora, completando 12 meses de ‘american way of life’, não podia deixar de postar algo sobre isso.
A maioria das Au Pairs que vem para os Estados Unidos encarar esse desafio fica apenas 1 ano. Eu vou ficar 1 ano e meio, pois resolvi estender minha estadia por mais 6 meses. (Quer saber mais sobre como funciona a extensão do programa Au Pair? Clique aqui).
Depois de tanto tempo fora de casa, percebi que ando muito pensativa, refletindo sobre todas as mudanças e todas as não-mudanças também. Vivo fazendo listas imaginárias de todas as coisas que aconteceram comigo aqui nos EUA que não poderiam ter acontecido em qualquer outro lugar. Reflito sobre o que aprendi, os hábitos que adquiri, as amizades que conquistei, as viagens que fiz e as que ainda quero fazer nos meus próximos e últimos 6 meses.
Todo intercambista veterano diz que durante seu intercâmbio sua vida muda muito. E sabem qual é a parte mais difícil disso? Voltar pra casa. Dizem isso porque normalmente as coisas ‘em casa’ estão exatamente como você deixou. Você muda tanto em 12, 18 ou 24 meses, mas quem ficou vivendo a mesma vidinha de sempre, sem muitas aventuras, vai ser provavelmente encontrado da mesma forma, sem muitas mudanças. Talvez mais gordinhos ou magrinhos, com um status de relacionamento diferente, mas nada muito além.
Confesso que mesmo sabendo de todas essas coisas, não vejo a hora de abraçar minha família e amigos e nem ligo que eles estejam todos iguais! Ao mesmo tempo, parece que meus 18 meses totais como intercambista não serão suficientes para realizar todos os meus planos, para fazer todas as viagens que desejo e coisas do tipo. Ai que difícil. E há 3 coisas que andam me preocupando bastante também:
Como vou levar todas as coisas que adquiri nos Estados Unidos da América para o meu querido Brasil?
Já estou começando a pesquisar métodos e preços para despachar bagagens pra casa, pois já fui aconselhada que deixar tudo para cima da hora é um grande erro e muito dinheiro jogado fora de uma vez! Conversando com intercambistas veteranos experientes, percebi que mandar de navio, pelo jeito, é o modo mais econômico, porém há duas considerações a se fazer: parece que muitas coisas estão sendo barradas no porto pelo pessoal da fiscalização e o único jeito de retirar sua bagagem é declarando tudo o que tem na caixa que você enviou. O outro problema é: demora muito, mas muito mesmo para a bagagem chegar em terra firme, coisa de meses. E aí, como você vai lembrar de tudo que tinha lá dentro pra declarar, principalmente, se forem mais de 2 ou 3 caixas, depois de tanto tempo? FÁCIL, há uma solução simples: faça uma lista de tudo que você colocar lá dentro antes de despachar. Se por acaso precisar declarar, já está com tudo em mãos.
Mandar por correio normal é mais seguro, porém absurdamente caro e com limites de tamanho e peso por caixa. Despachar malas pela companhia aérea também é bem seguro, mas ainda mais caro que o correio. Ai, que difícil!!!
Se algum leitor tiver dicas para dar sobre despacho de bagagem, ficarei muito agradecida 🙂 Já prometi escrever um post muito detalhado sobre isso quando chegar minha vez e eu ficar bem experiente, então quero colher o máximo de informações possíveis.
Por enquanto, minha decisão parou em: embalar minhas roupas em sacos à vacuo para caber mais e botar tudo numas caixas e mandar de navio alguns meses antes de eu ir embora, assim chego no Brasil junto com minhas coisas! Como o verão já tá chegando aqui e não vou encarar nenhum outro inverno, logo logo começarei a despachar casacos, botas e artigos de inverno. Vamos ver no que dá!
Outra coisa que fico pensando que nem boba: como estarão as coisas no Brasil quando eu voltar?
Já comentei acima que provavelmente tudo estará da mesma forma, mas eu me importo com mudanças simples. Será que terei um vizinho novo proprietário de uma moto barulhenta? Será que o bar que eu costumava ir todo santo sábado ainda vende as mesmas cervejas ou mudaram o cardápio de NOVO por causa de uma marca patrocinadora? Será que meus amigos estão sentindo tanta falta de mim como eu sinto deles? Será que me sentirei uma estranha no ninho no meio da galera, sem entender as piadas internas e sem ter muito o que perguntar? Qual será a novela do momento, quem é mocinha, o mocinho e a vilã? Ainda é cool usar calça jeans skinny ou a boca de sino voltou com tudo? Meu pai ainda domina a TV pra assistir futebol domingo à tarde ou minha mãe já arrumou um jeito de acabar com isso?
É tanta coisa pra pensar, gente… mas sei que tirarei essas dúvidas e matarei metade da saudade logo no primeiro mês. Isso conforta!
E a preocupação maior: será que meu inglês estará 100% nesses 18 meses de intercâmbio? Será que já posso me considerar fluente? E DIGO MAIS: Será que vou continuar com o hábito chato e engraçado ao mesmo tempo de misturar as línguas?
Isso parece bobagem, mas acontece muito comigo e com minhas amigas aqui. Vou explicar melhor.
Temos contato diário com o inglês e o português todos os dias. Durante o dia, converso com minhas crianças, minha host mom, a mulherzinha do supermercado ou da biblioteca em inglês. No final da tarde, converso com meu namorado 100% em inglês. Aí, entro na internet e leio coisas em português, ligo para meus pais no Brasil e falo em português e antes de dormir escuto um pouquinho de Lenine, que canta em português. Depois que fecho os olhos, às vezes, tenho sonhos em português e, às vezes, em inglês, tudo muito louco. E aí? Como vocês acham que fica o cérebro da gente??? É uma mistureba!
Para vocês terem uma noção, tá aí um exemplo de conversa com uma amiga no telefone:
‘Hello amiga, como foi seu weekend? Eu iria call you, mas tava muito busy aqui, as kids nem tiveram school, aí tive que work até tarde. E amanhã ainda tenho class!’ (Oi amiga, como foi seu fim de semana? Eu iria te ligar, mas tava muito ocupada aqui, as crianças nem tiveram escola, aí tive que trabalhar até tarde. E hoje ainda tenho aula!)
‘Meu weekend foi awesome, só saí no saturday, domingo fiquei assistindo uns movies e à noite eu hang out com a fulana. A gente foi no mall comprar uns shoes porque agora o summer tá chegando e só tenho coisa de winter!’ (Meu fim de semana foi ótimo, só saí no sábado, domingo fiquei assistindo uns filmes e à noite eu saí com a fulana. A gente foi no shopping comprar uns sapatos porque agora o verão tá chegando e só tenho coisa de inverno!)
Eu sei que parece forçado e até frescura, MAS NÃO É!!! A mistureba na cabeça é tão grande que a gente esquece as palavras numa língua e acaba falando a primeira que vem à cabeça. É muito engraçado quando a gente se dá conta disso e vivo pensando se essa mania vai continuar quando eu voltar para o Brasil. Com certeza não falarei assim pra sempre, mas pelo menos nos primeiros meses, até eu acostumar a falar e a ouvir português 100% do tempo, acho que vai rolar uns ‘weekends’ e ‘movies’ no meio das frases, viu!
Isso também acontece com vocês, intercambistas, ou é só coisa das Au Pairs da minha área? Pois aqui, todas as meninas que eu conheço falam do mesmo jeito! É muito engraçado!!!
Enfim, eu poderia continuar escrevendo até amanhã todas as coisas que passam pela minha cabeça, mas aí nunca terminaria esse post! 😛
Espero que tenham curtido pelo menos alguma das minhas linhas de conflito pessoal 😛